Brasília – Advogados da JBS entregaram à Procuradoria Geral da República novos levantamentos, relatórios detalhados e gravações de conversas com políticos, que serão anexados ao acordo de delação premiada da empresa. Essas informações complementares vão embasar as investigações que estão em andamento e podem provocar a abertura de outras apurações, porque em alguns casos surgiram novos nomes. Os documentos estão em sigilo, mas foram revelados pelo Jornal Nacional, ontem à noite, que diz ter tido acesso às gravações. Em uma delas, o ministro da Indústria e Comércio, Marcos Pereira, fala abertamente sobre um esquema de corrupção. Políticos mineiros do PMDB, incluindo o vice-governador Antônio Andrade (PMDB), teriam sido gravados. Além dele, também foram gravados pela JBS negociando vantagens, segundo os delatores, o ex-deputado federal e hoje deputado estadual em Minas João Magalhães (PMDB), e os deputados federais Leonardo Quintão (PMDB), Mauro Lopes (PMDB), Newton Cardoso Junior (PMDB) e Saraiva Felipe (PMDB).
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Em nota, Temer chama Joesley de 'grampeador-geral da República'Joesley escondeu crimes em delação, afirma MPF'Delação não é instrumento de vingança', diz governador do MTFachin concede mais 60 dias para JBS complementar delaçãoJBS diz que Bendine pediu R$ 5 milhõesOs delatores da JBS contam que antes mesmo de ser reeleito deputado em 2014, Cunha procurou Joesley e disse que gostaria de concorrer à presidência da Câmara. Ele pediu o apoio de Joesley.
Joesley concordou e Saud disse ter feito contato com mais de 200 deputados entre novembro de 2014 e janeiro de 2015. Cunha foi eleito no mês seguinte, fevereiro de 2015. De acordo com os delatores, Cunha “com certeza” destinou recursos ao deputado federal Carlos Bezerra, ao ex-deputado e atual prefeito de Angra dos Reis (RJ), Fernando Jordão; ao deputado federal Geraldo Pereira; ao ex-deputado e atual vice-prefeito de João Pessoa, Manoel Junior, e ao deputado federal Marcelo Castro.
Os delatores da JBS entregaram provas que reforçam as acusações que fizeram sobre os pagamentos ao senador Aécio Neves (PSDB-MG). E também sobre os repasses para contas no exterior que, de acordo com depoimento de Joesley, ficaram à disposição dos ex-presidentes petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
Os delatores também disseram que a JBS fez pagamentos ao ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine. A JBS descobriu em seus arquivos registros de pagamentos de R$ 200 mil por mês ao ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi, enquanto ele estava no cargo. Rossi foi ministro de Lula e Dilma.
A JBS também entregou longo memorial sobre os contratos que assinou com o BNDES.
Defesa
O senador Aécio Neves disse que as acusações contra ele são absurdas e que nunca ofereceu contrapartida para as doações de campanha. Afirmou ainda que todas as doações foram declaradas à Justiça Eleitoral. As defesas de Eduardo Cunha, Aldemir Bendine e do ex-presidente Lula não quiseram se pronunciar. O ministro Marcos Pereira, a ex-presidente Dilma e o ex-ministro Wagner Rossi não se manifestaram.
A defesa do João Magalhães não foi localizada. Procurada, a defesa do vice-governador Antônio Andrade não enviou resposta. O deputado Newton Cardoso Junior disse que recebeu a notícia com surpresa e que em nenhum momento negociou qualquer tipo de vantagem com a JBS. O deputado Mauro Lopes disse não ter conhecimento do assunto. E Saraiva Felipe afirmou que nunca recebeu nada para apoiar Eduardo Cunha..