A decisão da Procuradoria-Geral da República de revisar o acordo de delação premiada dos empresários da JBS fortaleceu o presidente Michel Temer e deu fôlego ao peemedebista para barrar uma eventual segunda denúncia enviada à Câmara.
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Janot diz que viveu um dos dias mais tensos no cargo, após dúvidas sobre delação da JBSJoesley e Saud citam em áudio ex-procurador que ajudou em delaçãoDelação da J&F era 'extremamente problemática', afirma Gilmar MendesMinistro do STF defende prisão de delatores da JBS 'Fatos acabaram mostrando que eu tinha razão', disse Temer sobre Marcelo MillerTemer pede a Fachin acesso a áudio de delator 'treinado' por procuradoresProcuradoria-Geral prepara nova denúncia contra TemerCármen Lúcia quer apuração 'imediata' de citações ao STF feitas em áudio de delatoresOAB pede ao STF quebra de sigilo de áudios da delação da JBSJucá diz que nova denúncia contra Temer seria ato 'melancólico' de JanotOs fatos novos revelados pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, na segunda-feira, mudaram esse cenário. Integrantes da base aliada admitem que a "fatura" a ser apresentada ao presidente em troca de apoio será menor agora.
Nas palavras de um deputado, uma coisa é o "descontentamento" em relação a um presidente que corre o risco de deixar o cargo, outra é o sentimento em relação a alguém que deve permanecer onde está.
Aliados mais fiéis afirmam que a base ganhou argumentos para embasar seu discurso tanto contra Janot quanto contra os irmãos Joesley e Wesley Batista. A flecha, brincam, caiu no pé do procurador-geral da República.
O argumento mais usado pelos deputados é que os novos desdobramentos do caso comprovam que Janot agiu de maneira "açodada" ao apresentar a primeira denúncia. Lembram, por exemplo, que a força-tarefa da Lava Jato não havia feito nem mesmo uma perícia no áudio da conversa entre Temer e Joesley no Palácio do Jaburu.
A tendência agora é que a tramitação de uma nova denúncia, seja por obstrução de Justiça ou formação de quadrilha, ocorra de maneira mais tranquila que a primeira.
O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), já deu declarações críticas em relação à atuação do Ministério Público. Nomes mais independentes, como o do deputado Marcos Rogério (DEM-), devem perder espaço na briga pela relatoria.
Não está descartada até mesmo que Temer consiga aumentar o placar em plenário. Na primeira denúncia, o peemedebista obteve 263 votos.
O deputado Danilo Forte (PSB-CE), que antes afirmava que o presidente enfrentaria um ambiente mais adverso na segunda denúncia, reconhece a mudança do cenário. "Isso fragiliza a denúncia. Não resta dúvida que esse embaraço vai causar uma perda de credibilidade, o que poderá facilitar a governabilidade e a retomada da agenda das reformas que estavam um pouco esquecidas", disse.
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