A decisão da Procuradoria-Geral da República de revisar o acordo de delação premiada dos empresários da JBS fortaleceu o presidente Michel Temer e deu fôlego ao peemedebista para barrar uma eventual segunda denúncia enviada à Câmara.
Os fatos novos revelados pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, na segunda-feira, mudaram esse cenário. Integrantes da base aliada admitem que a "fatura" a ser apresentada ao presidente em troca de apoio será menor agora.
Nas palavras de um deputado, uma coisa é o "descontentamento" em relação a um presidente que corre o risco de deixar o cargo, outra é o sentimento em relação a alguém que deve permanecer onde está.
Aliados mais fiéis afirmam que a base ganhou argumentos para embasar seu discurso tanto contra Janot quanto contra os irmãos Joesley e Wesley Batista. A flecha, brincam, caiu no pé do procurador-geral da República.
O argumento mais usado pelos deputados é que os novos desdobramentos do caso comprovam que Janot agiu de maneira "açodada" ao apresentar a primeira denúncia. Lembram, por exemplo, que a força-tarefa da Lava Jato não havia feito nem mesmo uma perícia no áudio da conversa entre Temer e Joesley no Palácio do Jaburu.
A tendência agora é que a tramitação de uma nova denúncia, seja por obstrução de Justiça ou formação de quadrilha, ocorra de maneira mais tranquila que a primeira.
O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), já deu declarações críticas em relação à atuação do Ministério Público. Nomes mais independentes, como o do deputado Marcos Rogério (DEM-), devem perder espaço na briga pela relatoria.
Não está descartada até mesmo que Temer consiga aumentar o placar em plenário. Na primeira denúncia, o peemedebista obteve 263 votos.
O deputado Danilo Forte (PSB-CE), que antes afirmava que o presidente enfrentaria um ambiente mais adverso na segunda denúncia, reconhece a mudança do cenário. "Isso fragiliza a denúncia. Não resta dúvida que esse embaraço vai causar uma perda de credibilidade, o que poderá facilitar a governabilidade e a retomada da agenda das reformas que estavam um pouco esquecidas", disse.