São Paulo, 06 - A ex-presidente Dilma Rousseff disse nesta quarta-feira, 6, que a denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que a ela imputa organização criminosa, "se apoia em mentiras fabricadas, algumas bastante antigas, que parecem ter sido recuperadas e trazidas de novo à baila apenas para desviar a atenção das gravações divulgadas".
As gravações a que Dilma se refere são as dos delatores da JBS. No áudio de quatro horas, que chegou "acidentalmente" à Procuradoria, Joesley Batista, principal acionista da empresa, e o executivo Ricardo Saud revelam como pretendiam neutralizar a ofensiva dos investigadores contra o grupo, inclusive por meio de uma suposta cooptação de ministros do Supremo.
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Dilma foi "amplamente" beneficiada com recursos de propina, acusa JanotCardozo: 'Se tivesse Supremo no bolso, Dilma ainda estaria no cargo'Dilma: "parlamentarismo é sonho de uma noite de verão"Janot pensou em fazer 'grand finale', diz Gilmar Mendes em ParisMinistro do STF defende prisão de delatores da JBS"A denúncia escrita pela Procuradoria da República acusando a mim de pertencer, e ao PT de constituir, uma organização criminosa é um documento que deve ter sido reunido às pressas e baseado, exclusivamente, em depoimentos de delatores premiados", reagiu Dilma, em nota.
A ex-presidente afirma que "não há comprovação resultante de qualquer investigação feita". "Apenas ilações, deduções e insinuações tratadas como verdade. Apenas as convicções dos acusadores, baseadas em modelos fantasiosos."
Ao apontar para a reviravolta do caso JBS, Dilma enfatiza o áudio de quatro horas que faz Brasília ferver. "Os próprios delatores declaram que para obter o prêmio da integral impunidade ou da redução da pena dizem aquilo que acreditam ser o que os procuradores querem ouvir."
A nota de protesto de Dilma aponta para outro escândalo que sacode o País, os R$ 51 milhões em dinheiro vivo encontrados nesta terça-feira, 5, em um apartamento na Graça, Salvador, apontado como bunker do ex-ministro do Governo Michel Temer e ex-dirigente da Caixa de seu próprio governo, Geddel Vieira Lima.
"Na semana em que o país toma conhecimento da deterioração ética e moral que cerca o mercado da corrupção, no dia em que a polícia encontra uma dúzia de malas cheias de dinheiro roubado por elemento central na articulação do presidente golpista, o procurador lança mão do diversionismo e encontra respaldo em parte da imprensa brasileira que se transformou em uma fração política, perdendo inteiramente a isenção."
"A Justiça e a verdade sempre se impõem. O STF, certamente, fará justiça diante da absoluta falta de provas que atestem qualquer dos ilícitos denunciados pelo procurador-geral da República."
(Luiz Vassallo e Julia Affonso).