O Tribunal de Contas da União (TCU) proibiu cautelarmente o governo federal de negociar com a Companhia Energética de Minas (Cemig) a venda das usinas hidrelétricas Jaguara, São Simão, Miranda e Volta Grande, previstas para ir a leilão no fim deste mês. A proibição foi solicitada por uma unidade técnica do TCU que trata de questões do setor elétrico e acolhida pelo ministro Aroldo Cedraz, relator do pedido.
O diretor jurídico da Cemig, Luciano Ferraz, disse que a companhia vai entrar com um mandado de segurança para tentar derrubar a decisão. A Advocacia-Geral da União (AGU) tem o prazo de 15 dias para recorrer da decisão cautelar antes que os ministros apreciem o mérito da questão.
O ministro afirmou ainda que “não são conhecidos os motivos que levaram o poder concedente a reabrir as negociações com a Cemig após ter se manifestado, em mais de uma ocasião, contrário a uma possível composição com a empresa. Igualmente, não são conhecidos os termos da negociação que vem sendo conduzida entre as partes. O que justifica a atuação do TCU para resguardar o erário”.
“O STF suspendeu a ação para que a gente pudesse dialogar e o TCU vem e proíbe esse diálogo. É uma contradição”.
A decisão de suspender temporariamente a ação em busca de uma negociação entre o Planalto, a Cemig e o governo do estado foi dada pelo ministro Dias Toffoli, relator da ação, no mês passado. O leilão também foi suspenso devido a liminar concedida pela Justiça Federal. A Advocacia-Geral da União recorreu, mas ainda não há decisão.
A presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Laurita Vaz, decidiu pedir uma manifestação do Ministério Público Federal (MPF), antes de definir se atende ou não a um pedido da AGU para derrubar a decisão da Justiça Federal.
O Planalto quer vender as usinas, avaliadas em cerca de R$ 11 bilhões, para cobrir parte do rombo das contas públicas, calculado em cerca de R$ 159 bilhões.
O estado contesta na Justiça a decisão do governo federal de colocar à venda essas usinas e alega quebra de contrato por parte da União, já que o acordo de concessão previa a renovação por mais 20 anos, depois de vencidas as duas primeiras décadas de operação.
Alega ainda que, além da quebra de contrato, o leilão vai trazer prejuízos para o consumidor mineiro, pois pelas regras do certame, as distribuidoras da Cemig serão obrigadas a contratar 70 % da energia gerada por essas usinas, cujo preço é tabelado por valores mais baixos do que os praticados pelo mercado livre.