Brasília, 08 - A presidente cassada Dilma Rousseff afirmou ontem que o depoimento do ex-ministro Antonio Palocci é uma ficção. O petista, que comandou o Ministério da Fazenda e a Casa Civil durante os governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma, admitiu ao juiz federal Sérgio Moro que a relação das administrações petistas com a Odebrecht era movida a propina.
Em nota, Dilma disse que Palocci falta com a verdade quando aponta o envolvimento dela em supostas reuniões de governo para tratar de facilidades à empreiteira durante seu mandato ou de Lula. Tais encontros ou tratativas relatadas pelo ex-ministro jamais ocorreram. Relatos de repasses de propinas também são uma mentira, afirmou no comunicado.
Palocci está preso desde setembro do ano passado e foi condenado, em junho, pelo juiz Sérgio Moro a 12 anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Anteontem, o ex-ministro ouvido em ação na qual é réu disse que Lula e a Odebrecht fizeram um pacto de sangue em que a empreiteira se comprometeu a pagar R$ 300 milhões em propina em troca de vantagens nos governos Lula e Dilma.
Segundo Dilma, todo o conteúdo das supostas conversas descritas por Palocci com sua participação mesmo quando ela assumiu a Presidência se trata de uma ficção. Esta é uma estratégia adotada pelo delator em busca de benefícios da delação premiada, afirmou a petista. O episódio em que cita um inacreditável benefício à Odebrecht pelo governo Dilma Rousseff, durante o processo de concessões de aeroportos, mostra que o sr. Antonio Palocci mente, assinala a nota.
Dilma afirmou ainda que essa decisão foi tomada pelo governo para gerar concorrência entre as empresas concessionárias de aeroportos.
Laranja.
Em nota, a defesa de Lula negou as acusações e afirmou que Palocci foi pressionado a fazer acusações sem provas. Palocci muda depoimento em busca de delação, afirmou.
A Odebrecht informou também por meio de nota que a empresa está colaborando com a Justiça no Brasil e nos países em que atua.
(Luiz Vassallo e Julia Affonso).