O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a prisão temporária, por cinco dias, de Joesley Batista, dono do Grupo J&F, e do diretor da empresa Ricardo Saud. Ambos se entregaram neste domingo, 10, à Polícia Federal. Para o ministro, há "indícios suficientes" de que os dois violaram o acordo de colaboração premiada ao omitir a participação do ex-procurador Marcello Miller no processo de delação. Fachin afirmou ainda que há indícios de que as delações ocorreram de maneira "parcial e seletiva".
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Anulação de acordo vai gerar insegurança a todos os delatores, diz KakayMarun: prisão de Joesley é consequência natural de grande farsa que foi delaçãoJustiça homologa leniência da J&F, mas faz ressalva sobre validade de delaçãoJoesley diz que tentou barrar Lava-Jato com políticosPF pede ao Supremo para participar de acordosPara juristas, acordos devem ser revistos e provas devem ser mantidasCom prisão, Joesley não comparece a depoimento na GreenfieldSó para se ter uma ideia dos eventuais prejuízos às investigações, Joesley e Saud, por exemplo, terão de prestar uma série de depoimentos à Justiça em processos já em andamento ou que ainda vão ser instaurados, como vem ocorrendo com o empreiteiro Marcelo Odebrecht, que teve a delação premiada homologada pelo Supremo e continua a colaborar com as autoridades. Se Joesley deixar de colaborar, isso poderia inviabilizar dezenas de processos contra políticos citados pelos executivos da empresa, entre eles o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que foram alvo de gravações feitas pelo empresário.
A reviravolta no caso ocorre após os próprios delatores entregarem a gravação de uma conversa, ocorrida possivelmente no dia 17 de março, antes da assinatura do acordo.
Omissão
O ministro Edson Fachin decidiu pela prisão na sexta-feira (8) à noite, no mesmo dia em que Janot encaminhou ao STF o pedido. Neste domingo, ao tornar pública a decisão, Fachin deixou claro que, para ele, há indícios suficientes de que delatores omitiram informações.
Joesley e Saud se entregaram na tarde de domingo na Superintendência da Polícia Federal em São Paulo. Os delatores dormiriam no prédio e a previsão é de que eles sejam transferidos para Brasília ainda nesta segunda-feira, 11.
Em nota, o Grupo J&F declarou que seus executivos "não mentiram nem omitiram informações no processo que levou ao acordo de colaboração premiada". No texto, o grupo assinalou ainda que os executivos "estão cumprindo o acordo". .