Brasília, 13 - O advogado de defesa do presidente Michel Temer, Antônio Cláudio Mariz, admitiu nesta quarta-feira, 13, que cogitou desistir de pedir a suspeição do procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, antes do início do julgamento do pedido pelo pleno do Supremo Tribunal Federal (STF). O fato foi revelado pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, antes do início da sessão.
Ele afirmou, porém, que mudou de ideia após a presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, decidir que o pedido de suspeição seria analisado primeiro do que o pedido de suspensão de eventual nova denúncia contra Temer, até que a Procuradoria-Geral da República e o Supremo concluam a análise das provas obtidas por meio da delação premiada dos executivos da JBS.
"Eu esperava que pudéssemos fazer uma só sustentação oral, até para economia processual para o próprio tribunal, e, por outro lado, cheguei a aventar, sim, a possibilidade de desistir da suspeição. Mas, na hora em que foi apregoada a suspeição em primeiro lugar e me dada a palavra, entendi que não poderia mais desistir", afirmou o advogado em entrevista no intervalo do julgamento.
Mariz disse que, em sua avaliação, o pedido de suspeição poderia ser retirado, desde que o pedido de suspensão de eventual segunda denúncia fosse votado. Caso isso tivesse acontecido, ele disse que teria atingido os objetivos dele. "Quais sejam: de fazer esperar que qualquer denúncia apresentada não possa ter curso desde que resolvido o problema na PGR", declarou.
O advogado evitou classificar como derrota de Temer a decisão da maioria dos ministros do STF de rejeitar o pedido de suspeição de Janot. "Não há surpresa no sentido de que alguma decisão não esperada foi tomada. Poderia ter sido deferida a suspeição, poderia ter sido como foi indeferida. Nós temos absoluta consciência disso", afirmou Mariz a jornalistas.
Ele afirmou que, na segunda fase do julgamento do STF, não haverá discussão da validade das provas.
"Não vamos discutir provas, não é hoje. A PGR não pode concluir (que as provas são válidas), porque ela mandou prender (o empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, e Ricardo Saud, ex-executivo do grupo J&F, que controla o frigorífico). Não estou entendendo porque está pondo em dúvida a ilegalidade de algumas provas. O que pode se entender é que essas provas são ilegais", declarou.
Mariz acrescentou, porém, que há outras provas legais que dão sustentação a outras denúncias. "O que não quero é que essas provas decorrentes desse diálogo (áudio entre Josley e Saud), em que confessam adulteração de provas, sejam utilizadas para nova denúncia. Se existirem outras provas, que se utilizem.
(Igor Gadelha, Rafael Moraes Moura e Breno Pires).