
O presidente Michel Temer (PMDB) se manifestou nesta quinta-feira sobre as denúncias de obstrução de Justiça e organização criminosa. Em nota, o peemedebista disse que a acusação é “recheada de absurdos” e que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, segue com sua “marcha irresponsável para encobrir suas próprias falhas”.
Além de Temer, Janot também denunciou o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB-RS); ministro da Secretária-Geral, Moreira Franco; o ex-ministro de Geddel Vieira, o ex-deputado e ex-ministro Henrique Alves; ex-deputado Eduardo Cunha; ex-deputado e ex-assessor de Temer, Rodrigo Rocha Loures e Ricardo Saud. Segundo o PGR, o esquema desenvolvido permitiu que os denunciados recebessem pelo menos R$ 587 milhões de propina.
Ainda de acordo com Temer, Janot ignora questões que enfraquecem as delações, usadas para sustentar as denúncias. “Finge não ver os problemas de falta de credibilidade de testemunhas, a ausência de nexo entre as narrativas e as incoerências produzidas pela própria investigação, apressada e açodada”, afirma o texto.
Temer cita indiretamente o ex-procurador Marcelo Miller, que era ligado diretamente a Janot, no caso da Lava-Jato, ao afirmar que o movimento do procurador ignora a necessidade de investigar “pessoas que integram a equipe dele" .
“Ao não cumprir com obrigações mínimas de cuidado e zelo em seu trabalho, por incompetência ou incúria, coloca em risco o instituto da delação premiada. Ao aceitar depoimentos falsos e mentirosos, instituiu a delação fraudada. Nela, o crime compensa. Embustes, ardis e falcatruas passaram a ser a regra para que se roube a tranquilidade institucional do país”, afirma.
Ainda no posicionamento, Temer afirma que lhe é dada propriedade de uma conta no exterior, mas não há provas concretas na peça acusatória que deem sustentação a isso. Em outro ponto o peemedebista alega haver a tentativa de criminalizar doações que foram feitas de forma lícita a campanha dele, em dinheiro ilícito. “É realismo fantástico em estado puro”, afirma Temer.
Por fim, o presidente diz confiar que a verdade prevalecerá; “O presidente tem certeza de que, ao final de todo esse processo, prevalecerá a verdade e, não mais, versões, fantasias e ilações. O governo poderá então se dedicar ainda mais a enfrentar os problemas reais do Brasil”.
De acordo com a denúncia, os integrantes do “PMDB da Câmara”, teriam recebido propina em troca da prática de atos ilícitos. Entre os órgãos que teriam sido utilizados como forma de obter as vantagens ilícitas está a Petrobras, Furnas, Caixa Econômica Federal, além do Ministério da Integração e Câmara dos Deputados.
A acusação de obstrução a Justiça leva em consideração, segundo a PGR, dá tentativa dos acusados de tentar evitar que o doleiro Lúcio Funaro firmasse acordo de delação premiada. Os pagamentos indevidos teriam sido tramados por Temer que teria instigado o empresário Joesley Batista a pagar vantagens a Roberto Funaro, irmã do doleiro.
Joesley e Saud foram incluídos na acusação de obstrução porque perderam hoje (14) a imunidade penal após o procurador concluir que os acusados omitiram informações da Procuradoria-Geral da República (PGR) durante o processo de assinatura do acordo de delação premiada.