Quando as primeiras investigações da Operação Lava-Jato foram iniciadas, a Polícia Federal em Curitiba nem sequer imaginava que se deparava com o maior esquema de corrupção da história brasileira. Nos anos seguintes, órgãos públicos que atuam no combate à corrupção precisaram mudar estratégias, unificar equipes e formar uma gigantesca força-tarefa para combater o crime organizado que se instalou de uma maneira nunca antes imaginada na República. Em sua 45ª fase, a Lava-Jato chegou aos Três Poderes, se tornou assunto nacional e envolveu a ficção e a realidade em um roteiro que supera a criatividade dos cineastas de Hollywood.
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Temer descumpre promessas e não afasta ministros acusados na Lava-JatoJoesley diz que tentou barrar Lava-Jato com políticosFilme sobre a Operação Lava-Jato entra em cartaz nesta quinta-feiraEstudantes e juristas protestam para barrar prêmio à Lava-Jato no CanadáEnvolvidos na Lava-Jato compram imóveis em Portugal para obter visto, diz jornalA operação foi responsável por instituir no Brasil o recurso da delação premiada. Por meio dessa ferramenta, a Justiça pode fazer com que pessoas envolvidas denunciem o esquema, apresentem provas e ajudem as autoridades a desmontar a estrutura criminosa. Os acordos de colaboração do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, o primeiro delator, e do doleiro Alberto Youssef foram fundamentais para o sucesso da operação.
Em troca, os delatores conseguem benefícios, como a redução de pena e medidas alternativas à prisão. O ex-procurador-geral da República Aristides Junqueira destaca que a dimensão da operação revelou o quão grande era – e ainda é – a corrupção no Brasil.
Modelo americano
Os números da operação impressionam e revelam o tamanho do esquema desmontado pelos policiais, procuradores e juízes. Desde 2014, quando ocorreu a primeira fase da operação, foram abertos 1.765 procedimentos para investigar atos criminosos e novos esquemas. A Polícia Federal cumpriu 877 mandados de busca e apreensão, 221 de condução coercitiva e 97 prisões preventivas. Foram realizadas ainda 110 prisões temporárias, e 165 condenações, contra 107 pessoas.
O dinheiro envolvido nos atos criminosos também impressiona. As investigações apontam para uma movimentação de R$ 42 bilhões pelos integrantes do esquema.
No começo do ano, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou 83 pedidos de abertura de inquérito contra pessoas com foro privilegiado por prerrogativa de função, acusados de integrar o esquema. Empresários que lideravam as maiores empreiteiras do país, como Marcelo Odebrecht e Léo Pinheiro também estão entre os acusados. Pela primeira vez, a nação assistiu a poderosos, sejam políticos ou milionários, irem para a cadeia.
O legado da operação, no entanto, ainda é alvo de muitos debates.
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