Relator da CPMI da JBS, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) confirmou nesta quarta-feira, 20, que a comissão pode vir a ouvir alguns dos implicados na delação premiada de executivos do grupo J&F, embora esta não seja a prioridade.
O presidente do colegiado, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO) disse que o ex-deputado e ex-auxiliar do presidente Michel Temer Rodrigo Rocha Loures, e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), citados na colaboração premiada dos irmãos Joesley e Wesley Batista, devem ser chamados para prestar esclarecimentos.
Loures está preso após ser flagrado carregando uma mala com R$ 500 mil. O dinheiro, segundo os delatores, era propina que havia sido negociada com o próprio presidente.
Questionado se pretende chamar também Temer, o deputado descartou a possibilidade. "A princípio, salvo se aparecer algum tipo de prova inequívoca de ato ilícito, não é minha intenção convidar o presidente", afirmou.
Na pauta da reunião desta quarta-feira, a terceira da CPMI, há 118 requerimentos, incluindo a convocação de nomes como o dos delatores e de envolvidos na delação, como o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot.
A prioridade da CPMI, no entanto, será ouvir o ex-procurador Marcello Miller, suspeito de fazer "jogo duplo" durante a negociação do acordo da JBS, e o procurador Ângelo Goulart, preso após suspeitas de ter vendido informações a investigados.
"Vamos chamar procuradores e ex-procuradores da República que participaram oficial e não oficialmente desta tratativas, devem ser chamados delegados da PF que conduziram algumas das operações que tem a ver com a questão, executivos do BNDES, executivos do JBS, além de pessoas que tiveram a ver com a operação de alguma forma", disse Marun.