São Paulo, 20 - A Polícia Federal prendeu nesta quarta-feira, 20, o empresário José Eduardo Correa Teixeira Ferraz, o último condenado no processo que apurou o desvio de recursos públicos na construção do fórum trabalhista de São Paulo, que não se encontrava preso. O mandado de prisão tem caráter definitivo, não havendo mais possibilidade de recursos. Ele foi condenado a 22 anos e 4 meses de reclusão. As informações são da Polícia Federal.
O escândalo de superfaturamento na construção da nova sede do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo veio à tona em 1998. Procuradores da República que atuaram no caso identificaram desvio, na ocasião, de R$ 169 milhões - atualizado, o montante alcança cerca de R$ 1 bilhão, segundo a Procuradoria. Auditoria do Ministério Público feita na época apontou que 64% da obra estava concluída após seis anos da licitação enquanto todo o recurso previsto para a construção já havia sido liberado.
Nicolau dos Santos Neto, que no início dos anos 2000 presidia o TRT da 2.ª Região, foi o principal acusado no escândalo. O Ministério Público passou a investigá-lo após um ex-genro denunciar que ele acumulava patrimônio incompatível com os rendimentos de um magistrado, inclusive uma casa luxuosa no Guarujá, um apartamento em Miami (EUA) e US$ 4 milhões na Suíça - todos esses bens foram confiscados pela Justiça. O ex-juiz foi condenado em 2006 a 26 anos e seis meses de prisão pelos crimes de desvio de verbas, estelionato e corrupção.
A Polícia Federal diz ter sido informada pelo Ministério Público Federal que o mandado em desfavor de Ferraz ainda se encontrava em aberto e que a sentença tinha caráter definitivo, sendo ele o único que ainda se encontrava fora do alcance da Justiça, na condição de foragido, tendo sido incluído inclusive na lista de procurados internacionais da Interpol.
Segundo a PF, foram feitas diligências policiais para identificar seu paradeiro.
"Não havia qualquer registro de atividades realizadas por ele ou bens em seu nome.
Duas viaturas da PF saíram em seu encontro, tendo abordado o veículo na marginal Pinheiros, na altura do Jockey Clube. Confirmada a identidade do foragido, o mandado de prisão foi cumprido e José Eduardo Ferraz foi trazido para a Superintendência Regional da Polícia Federal em São Paulo, onde permanece à disposição da Justiça Federal, aguardando transferência para o sistema prisional estadual paulista.
(Luiz Vassallo).