Brasília, 21 - Apesar do esforço realizado nesta quarta-feira, o plenário da Câmara não conseguiu concluir a votação da proposta que acaba com as coligações para as eleições de deputados e estabelece uma cláusula de desempenho para limitar o acesso de partidos aos recursos do Fundo Partidário e ao tempo de propaganda no rádio e na TV.
Os deputados fizeram uma maratona de quase cinco horas e concluíram a análise dos destaques ao projeto, mas, depois de quebrar o interstício para poder concluir a votação na madrugada desta quinta, conseguiram aprovar apenas o texto-base em segundo turno e terão que voltar a analisar a matéria na próxima terça-feira, 26. Somente depois disso, a PEC será encaminhada ao Senado. Para que as alterações passem a valer em 2018, a proposta tem que ser aprovada no Congresso até 7 de outubro.
Nesta quarta, o principal ponto aprovado pelos deputados foi o destaque para adiar de 2018 para 2020 a entrada em vigor do fim das coligações para as eleições de deputados e vereadores. O texto inicial, relatado pela deputada Shéridan (PSDB-RR), previa a medida já para as próximas eleições. Os deputados, no entanto, fizeram um acordo e aprovaram um proposta do PPS para que a medida comece a valer depois - foram 348 a favor, 87 contra e 4 abstenções.
No lugar das coligações, os partidos poderão se juntar em federações a partir de 2020. A diferença para o sistema atual é que as federações não podem se desfazer durante o mandato, isto é, as legendas terão de atuar juntas como um bloco parlamentar durante toda a legislatura. Os deputados, no entanto, tiraram do texto a ideia de sub-federações, que flexibilizava a regra das federações dentro dos Estados e Distrito Federal.
Além dessas regras, a PEC cria uma cláusula de desempenho (ou cláusula de barreira) para que os partidos possam ter acesso aos recursos do Fundo Partidário e ao tempo de propaganda no rádio e na TV.
Para acelerar a votação, o Podemos retirou um destaque sobre janela partidária e aceitou discutir a questão na votação da próxima terça.
Além de concluir a votação da PEC, os deputados querem votar semana que vem um outro - e último - projeto relativo à reforma política. O texto relatado pelo deputado Vicente Cândido (PT-SP) volta a tratar da criação de um fundo público para financiamento de campanha.
(Isadora Peron).