São Paulo - O criminalista Eduardo Pizarro Carnelós é o novo defensor de Michel Temer. Ele foi indicado pelo advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, que renunciou à defesa do presidente alegando "conflito ético" porque já defendeu o doleiro Lúcio Funaro - delator que imputa ao peemedebista envolvimento em esquemas de corrupção e enriquecimento ilícito.
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Temer diz que derrubará segunda denúncia e que a verdade triunfaráCâmara avalia se analisa em separado denúncia contra Temer e ministrosCarnelós foi apresentado ao presidente na sexta-feira. Temer estava em sua residência, em São Paulo, onde recebeu Mariz e Carnelós por mais de uma hora.
Naquele primeiro encontro, na semana passada, ficou ajustado preliminarmente que Carnelós assumiria a defesa do presidente, o que ficaria condicionado à remessa ou não à Câmara da nova flechada do então procurador-geral da República Rodrigo Janot.
Nesta quinta-feira, 21, por 10 votos a 1, os ministros do Supremo Tribunal Federal rejeitaram questão de ordem da defesa do presidente, ainda sob tutela de Mariz, que pretendia barrar a flecha de Janot sob alegação de que ele incluiu na acusação fatos anteriores ao mandato de Temer na Presidência.
A denúncia, por organização criminosa e obstrução de Justiça, chegou à Câmara às 20h31 desta quinta. Consolidou-se, então, a substituição na defesa do peemedebista.
Carnelós é titular de uma banca de advocacia na capital paulista. Ele já advogou para o senador José Serra (PSDB).
Ainda um jovem advogado - mas já dono de um estilo aguerrido e sem meias-palavras -, em 1990 ele denunciou o caso Lubeca, escândalo que marcou a administração Luiza Erundina (então no PT) na Prefeitura de São Paulo (1989/1992). Na ocasião, Carnelós integrava a Secretaria dos Negócios Jurídicos de Erundina, sob comando do advogado Luiz Eduardo Greenhalgh que acumulava o cargo de vice-prefeito.
O novo advogado de Temer foi presidente da Associação dos Advogados de São Paulo (AASP), mas em 2002 renunciou alegando que era alvo de "conspiração" para não leva-lo à recondução ao cargo.
Ele assume a defesa de Temer em um momento crucial para o presidente, alvo maior da denúncia de Janot.
A Câmara tem a prerrogativa de decidir se autoriza ou não abertura de ação penal contra o presidente.
A primeira flechada de Janot, que imputava a Temer corrupção passiva no caso JBS, foi barrada na Câmara.
Mariz teve papel fundamental no primeiro triunfo do presidente. Defendeu, perante os deputados da base e os da oposição, a tese de que o amigo de longa data é inocente e fustigou com determinação a ofensiva do procurador, acusando-o de promover "perseguição política" contra o presidente.
Agora, a defesa de Temer contra a segunda flecha de Janot será promovida por Eduardo Carnelós, apontado por seus colegas como um advogado perspicaz e incisivo, qualificado em matéria penal.
(Fausto Macedo, Julia Affonso e Luiz Vassallo).