Brasília – Depois de desistir na semana passada de fazer pronunciamento para rebater a segunda denúncia do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, o presidente Michel Temer, que completa 77 anos hoje, gravou vídeo ontem e o divulgou nas redes sociais. Ele diz que há uma “marcha da insensatez” contra ele e que tem certeza de que conseguirá arquivar na Câmara a acusação de fazer parte de uma organização criminosa e obstruir a Justiça. Sem citar nomes, Temer critica os executivos da JBS e diz que “há ainda muitos fatos estranhos que esperam por ser explicados nesta estranha delação induzida”.
“A verdade prevaleceu ante o primeiro ataque a meu governo e a mim. A verdade, mais uma vez, triunfará”, disse. “Tenho convicção absoluta de que a Câmara dos Deputados encerrará esses últimos episódios de uma triste página de nossa história, em que mentiras e inverdades induziram a mídia e as redes sociais nestes últimos dias. A incoerência e a falsidade foram armas do cotidiano para o extermínio de reputações”, completou.
Leia Mais
Temer diz que derrubará segunda denúncia e que a verdade triunfaráTemer tenta evitar rebelião na base após ataque de MaiaTemer recebeu propina por hidrelétrica de Santo Antônio, diz FunaroTemer receberá senadores peemedebistas Eduardo Braga e Raimundo LiraCâmara adia mais uma vez leitura de denúncia contra Temer Denúncia de Temer pode ser lida hoje em plenárioBase quer fatiar segunda denúncia; CCJ vai decidirSegundo o presidente, o princípio básico da inocência foi subvertido: “Agora todos são culpados até que provem o contrário”. “E nem provas concretas bastam para repor a verdade. A marca indelével da desonra ficará em muitos inocentes que foram atingidos. Luto e lutarei contra qualquer pecha que tentem me colocar neste sentido”, rebateu.
Temer diz ainda que tudo que ele afirmou desde o início dos processos da denúncia e dos ataques que vem sofrendo se confirmou, mas que ainda é preciso esclarecer alguns pontos apresentados pelos delatores. “Apontei as reais intenções dos delatores; denunciei a manipulação de mercado que lhes deu ganho de milhões; critiquei o perdão amplo que obtiveram. Cobrei, ainda, o inexplicável envolvimento de integrantes do gabinete do ex-procurador-geral da República, que depois, certamente, foram ganhar dinheiro das empresas dos delatores; relatei que a delação e a gravação começaram muito antes dos relatos oficiais.
O presidente diz ainda que a revelação de áudios novos depois do acordo de delação ter sido fechado mostra que havia uma tentativa de conspiração contra ele. “Graças aos áudios que tentaram esconder, mas que vieram a público acidentalmente, sabe-se que, contra mim, armou-se conspiração de múltiplos propósitos. Conspiraram para deixar impunes os maiores criminosos confessos do Brasil, finalmente presos, porque sempre apontamos seus inúmeros delitos”, disse. Segundo o presidente, queriam parar o país, mas ele tem a “convicção de que os parlamentares submeterão essa última denúncia aos critérios técnicos e legais, e à verdade dos fatos” “Uma análise crítica e desapaixonada provará os abusos dos que conspiraram contra a Presidência da República e o Brasil”, disse.
NOVO ADVOGADO
O criminalista Eduardo Pizarro Carnelós é o novo defensor de Michel Temer. Ele foi indicado pelo advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, que renunciou à defesa do presidente alegando “conflito ético” porque já defendeu o doleiro Lúcio Funaro – delator que imputa ao peemedebista envolvimento em esquemas de corrupção e enriquecimento ilícito. Ontem, Temer se reuniu com Mariz no escritório do criminalista, que ocupa andar inteiro de um prédio da Avenida Paulista esquina com a Alameda Campinas. Carnelós estava presente.
Carnelós é titular de uma banca de advocacia na capital paulista Ele já advogou para o senador José Serra (PSDB). Ainda um jovem advogado – mas já dono de um estilo aguerrido e sem meias-palavras –, em 1990 ele denunciou o caso Lubeca, escândalo que marcou a administração Luiza Erundina (então no PT) na Prefeitura de São Paulo (1989/1992).
.