A previsão de desempenho para que partidos políticos tenham participação no Fundo Partidário, também prevista na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 282/16, aprovada na Câmara na semana passada, também enxugará no curto e médio prazo o número de partidos no mercado eleitoral. O método é o mais simples possível: corta a fonte de financiamento, impedindo partidos que não elegerem, a partir de 2018, uma bancada federal mínima de nove deputados ou que não obtiverem pelo menos 1,5% dos votos válidos nacionalmente para a Câmara, de continuarem recebendo o quinhão do bolo.
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Fim de coligações reduz pulverização partidáriaPlenário aprova texto-base de PEC que altera regras de coligações e Fundo PartidárioEm BH, ministro Fux critica modelo do 'distritão' e fundo partidário com recursos públicosDirigentes de partidos tentam evitar corte em Fundo PartidárioSenado aprova cláusula de barreira e fim de coligações partidáriasDiferentemente do que ocorre hoje, Novo, Rede e PMB seriam legendas, mas sem financiamento público. Além deles, 14 legendas que concorreram em 2014 ficariam fora do Fundo Partidário por não ter alcançado a bancada mínima de nove deputados e tampouco 1,5% dos votos válidos para a Câmara.
Em 2014, votos nominais conferidos a candidatos a deputado federal e a legenda somaram 97.356.649 válidos em todo o país. O desempenho mínimo previsto na PEC, de 1,5%, representa 1.460.349 votos. Ficaram abaixo desse desempenho PHS, PTdoB (Avante), PSL, PRP, PTN (Pode), PEN, PSDC, PMN, PRTB, PTC, PSTU, PPL, PCB e PCO. Só em 2017, esses 17 partidos que não tiveram o desempenho mínimo – seja porque não disputaram as eleições de 2014, seja porque não elegeram a bancada mínima de nove parlamentares nem alcançaram a linha de corte em votos nominais e de legenda – já receberam, entre janeiro e agosto, R$ 39.192.510,26 do Fundo Partidário.
Esse montante representa 9,6% da dotação do Fundo Partidário para o período, de R$ 408.282.735,53. Até dezembro, a dotação do ano prevista para os 35 partidos – e para os outros dois mais que estão em vias de completar o registro junto ao TSE, o Muda Brasil e o Partido da Igualdade – é de R$ 585.540.922,03. A essa dotação de 2017 se soma a distribuição a todas as legendas, segundo a legislação em vigor, de multas eleitorais estimadas em R$ 55.840.510,97.
Incentivo
Atualmente, todo partido que preenche as condições para o registro na Justiça Eleitoral tem acesso ao tempo de propaganda gratuita no rádio e na TV e também a uma participação mínima no Fundo Partidário. O “incentivo financeiro” tem estimulado uma proliferação grande de legendas, já que a parcela mínima desse fundo, nos últimos três anos, variou entre R$ 800 mil e R$ 1,2 milhão ao ano.
Para evitar serem atingidos pela mudança da regra, partidos de pequeno porte – como o ex-PTdoB – hoje Avante – e o ex-PTN – rebatizado como Pode – já se anteciparam. Ao mudar de nome, trouxeram de roldão novas adesões: o Avante, que na condição de PTdoB saiu das urnas em 2014 com dois deputados federais, agora tem cinco, um em cada estado (MG, AL, RJ, PE e MA). Já o Pode elegeu uma bancada de quatro e hoje tem 17 deputados federais.
A cláusula de desempenho das legendas prevista já para as eleições de 2018, imposta como condição para o acesso ao financiamento do Fundo Partidário, ficará mais restritiva a cada nova eleição entre 2022 e 2030.
A partir de 2031, só receberão a fatia do bolo as legendas que tiveram eleito no pleito de 2030 uma bancada federal mínima de 15 deputados distribuídos pelo menos em nove estados ou que tenham conquistado 3% dos votos válidos conferidos nacionalmente à Câmara, distribuídos em pelo menos nove unidades da Federação..