São Paulo – O empresário Glaucos da Costamarques afirma ter assinado, em um único dia, todos os recibos de aluguel de 2015 referentes ao apartamento vizinho ao do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em São Bernardo do Campo, usado pelo petista e sua família. Segundo Costamarques, os documentos foram levados a ele pelo contador de Lula, João Muniz Leite, a pedido de Roberto Teixeira - advogado e amigo do ex-presidente - quando estava internado no Hospital Sírio-Libanês, na capital paulista, em novembro daquele ano. As informações são do jornal O Globo. Lula foi condenado a 9 anos e 6 meses de prisão, é réu em seis processos e já foi denunciado em dois.
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Engenheiro reafirma não ter recebido aluguel de Lula pelo apartamentoLula entrega a Moro recibos de aluguel de apartamentoContador nega versão de Glaucos sobre recibos de aluguéis de LulaHerdeira de apartamento em nome de primo de Bumlai diz que venda era para LulaDefesa de Lula diz que procurou recibos 'nos pertences de dona Marisa'Os recibos haviam sido solicitados ao ex-presidente pelo juiz federal Sérgio Moro, durante o segundo depoimento prestado por Lula a ele, no dia 13. O petista disse que iria ver com seu contador onde estavam os recibos, entregues por sua defesa na segunda-feira, 26.
Os comprovantes apresentados referem-se ao período de agosto de 2011 a novembro de 2015. De acordo com o jornal, a defesa de Costamarques avalia ajuizar ainda nesta quinta-feira, 27, uma petição na 13ª Vara da justiça Federal de Curitiba, revelando a forma como os comprovantes foram assinados e ainda solicitando imagens do circuito interno do hospital para comprovar as visitas feitas a Costamarques por Leite e Teixeira - o empresário ficou hospitalizado entre 22 e 28 de novembro de 2015.
Se comprovada, a fraude pode ser classificada como tentativa de obstrução da Justiça por parte de Lula e seus advogados. O uso do imóvel pelo petista e sua família é investigado pela Operação Lava Jato na mesma ação em que o ex-presidente responde sob suspeita de receber propina da Odebrecht por meio de um terreno onde seria construída a sede do Instituto Lula.
De acordo com o Ministério Público Federal, o aluguel do apartamento foi custeado pela Odebrecht como contrapartida a contratos firmados pela empresa com a Petrobras. Costamarques é primo do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula.
Em depoimento a Moro, Costamarques confirmou que firmou o contrato de aluguel em 2011 com a ex-primeira-dama Marisa Letícia (falecida em fevereiro passado), mas diz que só passou a receber o pagamento em novembro de 2015, após a prisão de Bumlai, tendo recebido "calote" durante quase cinco anos.
Entre os recibos entregues pela defesa de Lula a Moro dois têm datas que não existem: 31 de junho e 31 de novembro. Em nota, a defesa do ex-presidente diz que os comprovantes dão quitação em relação aos aluguéis até dezembro de 2015. "Não há qualquer questionamento em relação às assinaturas que constam no documento. A quitação é a prova mais completa de pagamento, de acordo com a lei. Se houver qualquer dúvida em relação aos recibos, poderão eles ser submetidos a uma prova pericial. A defesa do ex-presidente Lula tem absoluta tranquilidade de que os documentos guardados por dona Marisa revelam a expressão da verdade dos fatos."
Ainda segundo o advogado Cristiano Zanin Martins, "causa estranheza que todas as provas requeridas pela defesa para demonstrar que não existe qualquer valor proveniente da Petrobras envolvido no caso tenham sido indeferidas. A ação passou a ter como único foco uma relação privada de locação desde a audiência realizada em 13/09.".