Brasília, 28 - O comandante militar do Sul, general Edson Leal Pujol, recomendou à população que esteja insatisfeita com a situação política do País que vá para as ruas se manifestar "ordeiramente", mas demonstrando sua indignação. "Se vocês estão insatisfeitos, vão para a rua se manifestar, mostrar, ordeiramente. Mas não é para incendiar o País, não é isso", disse, depois de reconhecer que ele não pode ir para as ruas se manifestar. "São vocês, somos nós que temos de decidir qual o País que queremos."
"Há uma insatisfação geral da Nação e eu também não estou satisfeito", disse em evento da Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA). "Se os nossos representantes não estão correspondendo às nossas expectativas, vamos mudar."
Pujol acrescentou ainda que "existe uma série de maneiras" de tentar mudanças. Ressalvou, no entanto, que "o papel da Forças Armadas é seguir a legislação". "Não adianta nós só usarmos as mídias sociais", disse ao pregar manifestações nas ruas. Ele citou que não tinha notícias de, nos últimos três meses, terem sido realizados protestos significativos no Rio de Janeiro, em Brasília, São Paulo ou Porto Alegre. "Não estamos gostando, mas estamos passivos."
Em seguida, o general lembrou a postura do povo da Venezuela, que está nas ruas contra o governo. "Com o regime que eles estão, lá tem gente morrendo na rua", afirmou, reiterando que a população deve servir de "termômetro" dos poderes.
O general Pujol se queixou ainda do que está sendo ensinado nas escolas e questionou se as pessoas têm ido às Secretarias de Educação ou ao Ministério da Educação perguntar sobre o que está sendo ensinado. "Vocês concordam com o que está sendo ensinado para os seus filhos, sobrinhos, netos?", disse, sem querer "classificar" o conteúdo.
Intervenção
Sobre a crise criada pelo general Antônio Hamilton Mourão, secretário de Economia e Finanças do Exército que, na semana passada, defendeu a possibilidade de intervenção militar, o general Pujol evitou alimentar a polêmica.
"Intervenção militar não é a solução", afirmou, defendendo que mudanças nas leis sejam feitas pelo processo da democracia.
(Tânia Monteiro)