São Paulo - Em vídeo gravado e publicado em rede social, o advogado Cristiano Zanin Martins, que defende o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, relatou que houve procura, "nos pertences de Dona Marisa", dos recibos de aluguel do apartamento 121, do edifício Hill House, em São Bernardo do Campo (SP). A defesa afirma "acreditar" que os comprovantes "expressam a verdade dos fatos, pois Dona Marisa sempre foi uma mulher íntegra e honesta".
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"Pequenos erros em dois dos 26 recibos apresentados não retiram a força probatória dos documentos até porque são justificáveis. No recibo de agosto de 2014, por exemplo, é feito referência à data de 31 de junho de 2014 quando claramente buscou-se fazer referência à data de 31 de julho de 2014. Basta verificar que existe outro recibo com referência ao pagamento do aluguel de junho de 2014", afirmou o advogado.
"De qualquer forma, se houve qualquer dúvida ou questionamentos sobre esses recibos, que seja feita uma perícia, avaliando de quem é a assinatura, de quando os documentos foram feito, dentre outras coisas."
A defesa do engenheiro Glaucos da Costamarques, dono do imóvel, afirma que os recibos relativos a 2015 foram assinados no mesmo dia, no Hospital Sírio-Libanês, em novembro daquele ano.
O apartamento 121, ocupado por Lula, é um dos alicerces da segunda denúncia do Ministério Público Federal, do Paraná, contra o petista. O imóvel teria sido adquirido pela empreiteira Odebrecht, por meio de Glaucos - suposto laranja do ex-presidente no negócio -, como forma de propina a Lula, réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
A Operação Lava Jato afirma que não houve pagamento de aluguel entre fevereiro de 2011 e novembro de 2015.
Na terça-feira, 26, Glaucos reafirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que é "verdadeiro" o depoimento que prestou ao juiz federal Sérgio Moro em 6 de setembro. Naquele dia, o engenheiro afirmou em interrogatório perante o juiz federal Sérgio Moro que não recebeu aluguéis pelo apartamento 121, mas que declarou à Receita que houve pagamento.
"Não recebi", disse taxativamente.
A Moro, o engenheiro afirmou que passou a receber o aluguel em 2015. "O Roberto Teixeira esteve lá no hospital me falando: 'olha, nós vamos pagar.
O juiz da Lava Jato questionou, no interrogatório, se Roberto Teixeira deu alguma explicação para começar a pagar.
"Eu não me recordo.
Defesas
A reportagem procurou o contador João Muniz Leite e a defesa de Roberto Teixeira, mas ainda não obteve retorno.
O advogado Cristiano Zanin Martins, defensor de Lula, declarou. "A responsabilidade sobre os documentos, e sobre a veracidade do que eles atestam, é da pessoa que os assinou. Não há questionamento sobre as assinaturas. A tentativa de transformar os recibos no foco principal da ação é uma clara demonstração de que nem o Ministério Público nem o juízo encontraram qualquer materialidade para sustentar as descabidas acusações formuladas contra Lula em relação aos contratos da Petrobras."
(Julia Affonso e Ricardo Brandt).