Pacheco afirmou que sua escolha não pode depender de posicionamento de siglas. “Se os partidos resolverem dizer que não querem, amanhã todos vão dizer que não querem e eu não vou poder escolher ninguém. O critério não é do partido, é da CCJ”, disse. “O PSDB não queria, o DEM não queria, outros partidos queriam. A escolha foi da pessoa do deputado federal que reputo adequada.”
O parlamentar negou preferência por deputados do PSDB para a relatoria das denúncias contra o presidente Temer. Na primeira, depois de rejeitado o parecer do deputado Sérgio Zveiter (PMDB), então relator, Pacheco definiu para o posto Paulo Abi Ackel (PSDB-MG). “Foi coincidência”, disse. À época, ponderou Pacheco, o regimento determinava que o novo relator teria que ser escolhido entre os integrantes da CCJ que rejeitaram o parecer de Zveiter, texto que era contrário a Temer. Pacheco afirmou ter escolhido Andrada pela sua história, decência e independência. “É um homem de 87 anos, com mais de 50 anos de vida pública, mais que a minha idade”, afirmou Pacheco, que tem 41 anos.
Andrada afirmou que não vai deixar a relatoria da denúncia. “O meu nome foi designado pelo presidente da CCJ, que é quem tem competência para isso. Os principais líderes do PSDB querem que ele desista da relatoria. O presidente do partido, Tasso Jereissati, conversou por telefone com Andrada e eles marcaram uma conversa pessoalmente na próxima segunda-feira para discutir a relatoria. O deputado Ricardo Trípoli também deve fazer nova ofensiva. Nos últimos dias, alguns líderes do partido se mobilizaram para pedir a Pacheco que não escolhesse alguém do PSDB para a relatoria. A preocupação era com a divisão interna do partido, divisão admitida pelo novo relator.
INDEPENDÊNCIA O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, afirmou que será apenas o árbitro no julgamento da segunda denúncia contra Temer. “Na primeira denúncia do presidente Temer e na segunda será igual, eu não sou candidato a assumir uma Presidência com base em uma denúncia, meu papel vai ser de presidente da Câmara, de árbitro desse processo, e de distância de qualquer posição contra ou a favor, é o papel que cumpri na primeira (denúncia) e é o papel que vou cumprir na segunda. Sou árbitro, estou fora desse debate”, afirmou.
Ele elogiou a escolha de Bonifácio Andrada para relatoria da denúncia, dizendo que entre todos os parlamentares “é o que tem mais independência para tomar a decisão”. “É um dos juristas mais qualificados do país, um homem que está no Congresso desde 1979, não tem nenhuma mácula. Eu não tenho como avaliar se ele foi escolhido para fazer relatório a favor ou contra, tenho certeza de que ele terá a independência necessária para fazer aquilo que a consciência mandar. Pelos anos que convivo com ele na Câmara, nunca o vi tomar uma decisão por pressão da sociedade. Como ele é um constitucionalista, um jurista, ele poderá dar o voto dele contra ou a favor”.
O democrata comentou também a decisão do STF de ordenar o recolhimento domiciliar noturno para o senador Aécio Neves, dizendo que há um “vácuo na decisão” da Suprema Corte. “Cabe agora ao Senado tomar uma decisão, se o Supremo em plenário avançar pode ser até melhor. Mas essa decisão para mim tem um vácuo legal, mas no diálogo vai resolver. É um vácuo porque é uma prisão domiciliar, há condições de o Supremo tomar essa decisão.”