Brasília – As novas conversas de Joesley Batista e outros integrantes da JBS reveladas na última sexta-feira prometem esquentar ainda mais a semana no Parlamento e os primeiros depoimentos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga a empresa. Entre os parlamentares, é mais recorrente, a cada dia, o discurso de que houve uma ação deliberada por parte de Joesley, que, de olho no acordo de imunidade, não se preocupou em desestabilizar o governo e aliados, caso do senador Aécio Neves (PSDB-MG). Enquanto os dois temas estiverem na roda, a CPMI estará ativa, na coleta de depoimentos que tendem a reforçar a posição do presidente Michel Temer.
No dia seguinte, será a vez do advogado da JBS Willer Tomaz e do procurador Ângelo Goulart Villela, a quem Willer teria tentado cooptar para repassar informações da Operação Greenfield. Deflagrada em setembro do ano passado, a Greenfield investiga gestão temerária e fraudulenta de fundos de pensão. Na época, Wesley Batista, irmão de Joesley, foi alvo de condução coercitiva para explicar a fusão de empresas do grupo e a criação de um fundo beneficiado com aportes de dois fundos de pensão, o da Caixa Econômica Federal (Funcef) e o da Petrobras (Petros). Joesley estava fora do país. Os irmãos Batista queriam se antecipar a operações desse tipo. Além disso, Goulart, em recente entrevista, acusou o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot de “forçar” delações para incriminar Temer.
Tucanos
Enquanto a CPMI estiver cuidando dos primeiros depoimentos, amanhã, o embate estará forte no PSDB. Na Câmara, o partido não desistiu de tentar evitar que o senador Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) seja relator da denúncia contra o presidente Michel Temer. Se não conseguir substituí-lo e o relatório for favorável a Michel Temer, os tucanos vão apresentar um voto em separado em prol da autorização para que o chefe do Executivo seja investigado.
Outro foco de tensão é a denúncia envolvendo o senador Aécio Neves. O PSDB cobrará amanhã uma posição da Casa para a devolução do mandato do senador. Porém, o fato de a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, ter marcado a votação no plenário da Suprema Corte para o próximo dia 11 mudou o clima no plenário. A tendência é de adiamento, porque há um grupo de senadores silencioso que prefere não votar antes que o STF avalie os procedimentos em caso de medida cautelar, como a que foi aplicada ao senador mineiro. E sem a segurança dos 41 votos em favor de Aécio, a aposta geral é a de que o tema ficará mesmo para a apreciação do STF.