Uma declaração do presidente Michel Temer (PMDB) na manhã desta terça-feira (3) no Twitter, mais uma vez desqualificando a denúncia contra ele feita pelo ex-procurador Rodrigo Janot, irritou a classe e provocou reação. Em resposta, a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) divulgou nota para “repudiar, da forma mais veemente” a fala do peemedebista.
“Surpreende e é absolutamente incabível e irresponsável que use agora meios oficiais para ofender sem qualquer base a instituição do Ministério Público Federal. É Sua Excelência Michel Temer quem responde à acusação – lastrada em numerosas provas de fatos concretos - de pertencer à organização criminosa”, disseram em nota.
Pela manhã, Temer disse no Twitter o que, segundo ele, o país precisaria: “Precisamos lidar com mais uma denúncia inepta e sem sentido, proposta por uma associação criminosa que quis parar o País”. O presidente acrescentou que o Brasil “não será pautado pela irresponsabilidade e falta de compromisso de alguém que se perdeu pelas próprias ambições”.
Os procuradores lembram que Temer, agora denunciado pelos crimes de organização criminosa e obstrução da Justiça, já era investigado por corrupção passiva. Segundo a nota, é natural que ele se declare inocente, mas, como presidente, Temer também tem a obrigação de defender as instituições.
Segundo a ANPR, os membros do Ministério Público Federal foram ofendidos de forma generalizada pela mensagem “como se fosse esta instituição da República e seus componentes a quadrilha”. Os procuradores lembram que Janot agiu em nome do MPF e que as acusações se baseiam em extenso trabalho de órgãos do estado e “citam sólido rol de provas”.
“Os membros do Ministério Público Federal não agem em perseguição a outrem e atentam-se apenas ao cumprimento de sua missão institucional. Assim agiu o então PGR Rodrigo Janot e equipe. Os procuradores da República não se intimidarão. O trabalho dos membros do MPF em defesa do estado democrático de Direito prosseguirá sempre, de forma serena e firme, sem temer ninguém e sem olhar a quem”, registram os procuradores. A nota é assinada pelo presidente da ANPR, José Robalinho Cavalcanti.