O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), afirmou nesta quarta-feira, 4, que colocará em votação no plenário da Casa as sanções impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), mesmo que a Corte mantenha o entendimento atual, que não prevê o aval do Congresso para medidas restritivas impostas a parlamentares. A votação, prevista para acontecer na terça-feira, 3, foi adiada para o dia 17 de outubro.
Leia Mais
Para evitar confronto com STF, Senado adia decisão sobre AécioJucá cobra da tribuna reação do Senado contra STF no caso AécioFachin rejeita pedido de Aécio para suspender afastamento do SenadoSenado desafia STF e vota caso Aécio nesta terça-feiraDestinos de Temer e Aécio começam a ser definidos nesta semanaTemer envia manifestação ao STF e diz que Supremo não pode afastar parlamentaresSenado apela para foro de juízes e procuradores ao defender Aécio"Se a posição do Supremo for manter, é natural que o Senado delibere, porque é o que diz a Constituição Federal", afirmou Eunício. "Não cabe a esta Casa interferir na outra Casa. Não cabe a este Poder, que é independente, interferir em outro Poder, que também é independente. Mas está muito claro, quem julga ministro do Supremo é a Constituição, quem julga parlamentar federal também é a Constituição, não a legislação ordinária."
A decisão dos senadores teve como objetivo evitar o acirramento da crise institucional com o Judiciário, aberta após a decisão da Primeira Turma do Supremo que determinou o afastamento do mandato e o recolhimento noturno de Aécio. O principal argumento para que as restrições passem pelo crivo do Legislativo é o de que não cabe ao Judiciário impor o afastamento de um parlamentar sem cassar o seu mandato ou determinar a perda de seus direitos políticos.
O próprio Eunício tem essa opinião, mas afirmou que o adiamento seria uma chance de o próprio Supremo rever o entendimento e dar o aval para que o Senado derrube ou mantenha a decisão da Primeira Turma sobre Aécio.
"Cabe a cada um dos Poderes tomar decisão sobre seus parlamentares. A Casa tem um Conselho de Ética e pode cassar um senador, como a Câmara pode cassar um deputado", disse Eunício.
Ele disse ter passado a terça conversando com a presidente do Supremo, ministra Cármen Lúcia, antes de pautar o adiamento da votação no Senado.
"Passei o dia todo conversando com a presidente Cármen Lúcia, com senadores, com líderes do Senado, com todos que pude conversar, de todos os partidos, para que a gente esperasse a decisão (do STF), já que ela antecipou também a pauta e publicou num Diário Oficial extra. Para que a gente não votasse aqui nesta Casa dando a possibilidade ao pleno do Supremo de rever a posição de alguns de seus membros pela maioria", afirmou Eunício..