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Estado de Minas

Além do Sul, São Paulo e outros estados têm movimentos para se separar do Brasil

Inspirados na Catalunha, grupos fazem plebiscitos para se tornar repúblicas independentes. Em São Paulo, consulta popular deve ser no ano que vem


postado em 09/10/2017 06:00 / atualizado em 09/10/2017 07:40

O presidente do movimento São Paulo Livre, Flávio Rebello, diz que nada é imutável na Constituição(foto: Reprodução Youtube)
O presidente do movimento São Paulo Livre, Flávio Rebello, diz que nada é imutável na Constituição (foto: Reprodução Youtube)

O Sul do Brasil não é o único a ter um movimento separatista organizado com direito a plebiscito, o segundo realizado sábado em 900 municípios dos 1.191 dos três estados que integram a região. Inspirado no desejo da Catalunha de ser uma república independente da Espanha, o movimento São Paulo Livre, fundado em outubro de 2014, logo após a reeleição da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), programa para o ano que vem um plebiscito para avaliar o grau de adesão da população à tese da independência. Será a segunda consulta, dessa vez com um número maior de cidades – a primeira foi feita em 2016, em 18 municípios e alcançou cerca de 48 mil pessoas. A intenção agora é ouvir cerca de 500 mil eleitores em 121 municípios.


Mas o movimento, fundado por Flávio Rebello, de 44 anos, microempresário, tem planos maiores para, quem sabe, viabilizar a separação, hoje proibida pela Constituição brasileira. O projeto é conseguir o número de assinaturas suficientes para criar um partido separatista. Batizado de Aliança Nacional, a legenda quer unir para separar. A sigla já tem diretórios em oito estados (SP, RJ, MT, RS, ES, PE, RO e PR), mas, para seu processo de validação começar a tramitar no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é preciso mais um diretório e pelo menos meio milhão de assinaturas coletadas em todo o país.

Enquanto se articula para tentar preencher os pré-requisitos para dar entrada na papelada, a Aliança Nacional reúne movimentos separatistas de São Paulo (São Paulo Livre), Rio de Janeiro (O Rio é o Meu País), Roraima (Roraima é o Meu País), Espírito Santo (Espírito Santo é o Meu País) e Pernambuco (Grupo de Estudo e Avaliação Pernambuco Independente). Depois de viabilizar a legenda, a Aliança pretende tentar alterar a Constituição, que tem como cláusula pétrea que o Brasil é uma federação indissolúvel. “Nada é imutável. Nem a Constituição”, afirma Rebello, que se “encantou” com a ideia da separação depois de viver durante cerca de cinco anos na Catalunha.

Peso econômico

 

O principal argumento de todos os movimentos que pregaram a separação é econômico, afirma Rebello. E, de acordo com ele, os movimentos brasileiros não estão sozinhos. Para o microempresário, há uma onda separatista em todo o mundo. “No Chile, os mapuches querem a independência”, destaca Rebello, se referindo ao país vizinho. “Também há essa onda na Alemanha, na Argentina, no Canadá”, lembra o presidente do São Paulo Livre que também coordena a criação da legenda, que se define em sua página oficial do Facebook como “futuro partido político, que vem para mudar tudo que aí está”.

Segundo Rebello, no caso de São Paulo, estudos feitos pelo movimento com base em dados do Ministério da Fazenda, apontam que a cada R$ 1 mil de impostos gerados em São Paulo, R$ 920 vão para o governo federal e acabam sendo repartidos com outros estados. Enquanto isso, afirma, muitos estados não apertam o cinto para conter gastos públicos supérfluos, e São Paulo “paga a conta”.

Confiante na possibilidade de um dia ser transformar São Paulo e outros estados e regiões em nações independentes, ele assegura que seu movimento é diferente de outras tentativas de independência baseadas em princípios racistas. Segundo ele, muitos desses movimentos que nunca deslancharam pregam, por exemplo, que o estado seja formado apenas por pessoas nascidas no local. “Se for assim, só vão restar os quatrocentões”, afirma. Para ele, o novo país deve ser formado por todos que vivem e votam no estado.

Saída para o mar

Argumento semelhante tem o movimento que busca a separação de Pernambuco, segundo o qual, a busca por emancipação vai manter os impostos no estado. “Vamos manter todo o nosso dinheiro e os nossos problemas sem dar ou pedir nada ao Brasil. Teremos as nossas instituições, o nosso Parlamento, o nosso presidente. O Brasil é um país estrangeiro e vamos respeitá-lo como tal”, diz a proposta separatista no site do movimento.

Uma das vantagens da independência apontadas por seus líderes é o fato de Pernambuco ter acesso ao mar, o que facilitaria o comércio exterior. “Além disso, teríamos autonomia energética, visto o nosso potencial eólico e solar.” Com menos impostos, tarifas e burocracias, segundo o movimento, Pernambuco se tornaria um lugar aberto ao empreendedorismo, o que traria empregos, tanto na indústria, quanto nos serviços. “E, mesmo tendo grande parte do território com um clima seco, países como Israel já mostraram que é possível ter uma agricultura forte, mesmo em ambiente secos, com a ajuda da tecnologia. Vale lembrar, também, que os bilhões que hoje vão para Brasília em forma de imposto voltariam para o bolso do cidadão pernambucano, o que ajudaria a movimentar a economia”, diz o texto da proposta.


Vitória do ‘sim’


O plebiscito informal O Sul É o Meu País acabou com vitória da proposta de separação dos estados do Sul para a criação de um novo país. Com 80,12% das urnas apuradas até as 20h de ontem, 96,1% dos participantes votaram favoravelmente a Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná se separarem do Brasil. Os votos contrários somam 3,9%. A participação, porém, foi abaixo do esperado: 331.378 eleitores votaram, enquanto a meta do movimento era atrair entre 1 milhão e 2 milhões de votantes.

 


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