Brasília – Condenado a 9 anos e 6 meses de prisão em primeira instância, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nessa segunda-feira que está "lascado", mas afirmou esperar "desculpas" do juiz Sérgio Moro. Em um ato em defesa das universidades públicas, Lula subiu o tom contra a Lava-Jato e desafiou seus acusadores a ver o que acontecerá no país se o impedirem de ser candidato ao Palácio do Planalto em 2018.
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Moro manda Lula 'esclarecer expressamente' se tem originais de recibosEm vídeo divulgado pelo PT-SP, Lula sinaliza Marinho para governo de SPProcuradoria pede aumento de pena para Lula no caso do triplexONU deixa decisão final sobre queixa de Lula contra Moro para 2018"Eu sei que eu estou lascado. Todo dia tem um processo. Não quero nem que o Moro me absolva, só quero que peça desculpas", declarou o ex-presidente. Muito aplaudido pela plateia, que o chamava de "guerreiro do povo brasileiro", Lula prosseguiu em sua ofensiva. "Eles agem todo santo dia para me tirar da disputa. Obviamente que eles podem. Juntam meia dúzia de juiz e votam.
Em quase quarenta minutos de discurso, Lula ressuscitou a narrativa do "nós contra eles", afirmou não poder mais aceitar tantas "mentiras" e disse não ter medo da Lava-Jato. Argumentou ainda que, se o objetivo da Lava-Jato é não deixá-lo ser candidato, os investigadores não deveriam deixar "o povo sofrer" por causa disso. Apesar de condenado no caso do tríplex do Guarujá (SP) e também ser réu em outras seis ações penais, o ex-presidente lidera todas as pesquisas de intenção de voto.
Acompanhado do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad - que já chegou a ser apontado como plano B do PT na eleição de 2018 -, Lula provocou o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e disse que os petistas devem fazer o oposto do que ele faz. "Se o Bolsonaro agrada ao mercado, nós do PT temos de desagradar ao mercado", insistiu o ex-presidente. Pré-candidato à Presidência, Bolsonaro está em segundo lugar nas pesquisas, empatado com a ex-senadora Marina Silva (Rede).
Lula lembrou que, em várias campanhas eleitorais, o prédio da Bolsa de Valores de São Paulo fechava as portas, quando havia uma passeata do PT nas redondezas, porque o consideravam um demônio.
Gritos de "Fora Temer" marcaram o ato, que reuniu cerca de 400 pessoas no Centro Internacional de Convenções. "Espero que em 1º de janeiro de 2019 esse pesadelo chamado Temer acabe e o senhor assuma para dar a volta por cima e para colocar o Brasil na rota de desenvolvimento", disse Haddad.
A cúpula do PT pretende manter a candidatura de Lula à Presidência até serem esgotados todos os recursos jurídicos, mesmo que ele seja condenado em segunda instância e vire ficha suja. Nesse cenário, Haddad só será uma opção em último caso. Por enquanto, o ex-prefeito e ex-ministro da Educação pretende concorrer ao Senado.
Logo que o ex-presidente entrou no auditório do Centro Internacional de Convenções, um pequeno grupo gritou bem alto "Lula, ladrão!". Diante de olhares perplexos, os petistas completaram: "Lula, ladrão, roubou meu coração!".
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