Brasília – O juiz federal Marcio Lima Coelho de Freitas, da Sessão Judiciária do Distrito Federal, concedeu liminar no início da noite de ontem que obriga o Senado a adotar a votação aberta e nominal na sessão que vai decidir pelo afastamento ou não do senador Aécio Neves (PSDB-MG). A decisão atende a uma ação popular movida pelo presidente da União Nacional dos Juízes Federais (Unajuf), Eduardo Cubas. A liminar se baseia na emenda 35/2001 que altera o artigo 53 da Constituição suprimindo a possibilidade de votação fechada nos casos que envolvem a suspensão de direitos de parlamentares.
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Para OAB, é inadmissível que Senado use voto secreto para decidir sobre AécioApós decisão do STF, Senado deve decidir futuro de Aécio na próxima semanaPT muda posição e deve votar pelo afastamento de AécioSessão que vai definir o futuro do mandato de Aécio pode virar guerra jurídicaA decisão da Justiça ocorre em meio ao embate acirrado entre os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que terminou com o placar apertado, por 6 a 5, a favor do Congresso Nacional, que terá a palavra final sobre medidas cautelares contra parlamentares. Agora é vez do Senado, que analisa na terça-feira a situação de Aécio Neves, afastado do mandato pela Primeira Turma da Suprema Corte. E a polêmica já começa na forma de votação, que seria secreta se dependesse de aliados do tucano.
Além do PSDB, caciques do PMDB e parlamentares de outros partidos também querem votação secreta, o que, em tese, favoreceria Aécio e evitaria desgaste a um ano das eleições. Aécio tem um aliado de peso, o presidente Michel Temer, que discute com seus auxiliares uma forma de ajudá-lo a obter votos no plenário. O tucano é um dos principais aliados de Temer e assíduo frequentador do Palácio do Jaburu desde que foi colocado em recolhimento noturno pela Primeira Turma, além de conversarem por telefone.
A situação de Aécio Neves é delicada. Se ele não obtiver 41 votos a favor da suspensão das medidas cautelares da Primeira Turma, poderá ficar afastado do mandato por tempo indeterminado e ainda terá de derrubar no Conselho de Ética o processo aberto pelo PT por quebra de decoro, que pode cassá-lo. Nos bastidores, já existia entendimento na Mesa do Senado para que a votação no Senado fosse secreta, conforme determina o regimento da Casa para casos de cassação de mandato senadores, ministros do STF e procuradores.
Aécio ficou fragilizado depois da decisão do PT de fechar questão contra o seu retorno. A esperança dos aliados do tucano é de que, com votação secreta, ele tenha votos da oposição.
No Planalto, a estratégia para ajudar Aécio começa pela escalação do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), que já costura acordos com senadores. Aécio ainda conta com auxílio do ministro Antonio Imbassahy (PSDB), articulador político do governo. A parceria entre Aécio e Temer tem precedentes. Os tucanos aliados do senador cobram a ajuda do governo ao relembrar que o mineiro atuou para emplacar o deputado Paulo Abi-Ackel como relator da primeira denúncia contra Temer, além de avalizar Bonifácio de Andrada como relator da segunda denúncia. Ambos são do PSDB de Minas e deram pareceres favoráveis ao governo Temer..