Brasília - Dono da quinta maior bancada na Câmara, com 39 parlamentares, o PSD vai trocar um de seus quatro integrantes na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa. De acordo com o líder do partido, Marcos Montes (MG), o deputado Delegado Éder Mauro (PA) pediu para deixar o colegiado. No lugar dele, Montes deve indicar a deputada Raquel Muniz (MG).
Leia Mais
Temer libera recursos para deputados em troca de apoio na CâmaraTemer envia carta 'desabafo' a parlamentares e diz ser 'vítima' de conspiraçãoAliados de Temer culpam Supremo por divulgação de vídeosMuniz: queriam que a 'mala de dinheiro' caísse no colo do presidenteMST invade fazenda ligada a Ruy Muniz, no Norte de MGIntervenção nas empresas de MunizBancada mineira recebe R$ 51 mi antes da votação de denúncia contra TemerPrimeiro a discursar, Molon diz que Temer usa cargo para praticar crimesComeça sessão para debater parecer que pede rejeição da denúncia contra TemerCâmara discute nesta terça-feira se autoriza STF a processar TemerNa primeira denúncia contra Temer, Mauro e os outros três integrantes titulares do PSD na CCJ votaram pela rejeição da peça acusatória. Mauro disse à reportagem que já definiu seu voto, mas disse que não o revelou para ninguém.
O líder do PSD afirmou que deve oficializar hoje. Segundo Montes, Raquel Muniz é a primeira na lista para ser indicada para o lugar de Éder Mauro.
O marido de Raquel é o ex-prefeito de Montes Claros, no Norte de Minas, preso um dia após ela homenageá-lo durante a votação do impeachment de Dilma Rousseff (PT). Além da saída de Éder Mauro, a bancada do PSD na CCJ deve ter outra movimentação para a votação da segunda denúncia.
Voto declarado a favor da aceitação da peça acusatória, o deputado Expedito Netto (PSD-RO) não participará da votação da denúncia na CCJ. Ele estará em missão oficial no exterior. No lugar dele, votará um dos cinco suplentes do partido, provavelmente um contrário à denúncia, segundo Montes.
Netto disse que viajará para Singapura e Dubai em missão oficial pela comissão que trata de projeto sobre a regulamentação de moedas virtuais, do qual é relator na Casa. Ele disse que viajaria na última sexta-feira e só retornará no sábado. É justamente nesse período que o parecer do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) sobre a segunda denúncia contra Temer deve ser votado na CCJ.
A missão oficial evitou que o líder do PSD, Marcos Montes (MG), tivesse de substituir Netto novamente na CCJ.
Os outros quatro integrantes do PSD titulares na comissão na época votaram a favor de Temer: Delegado Éder Mauro, Domingos Neto (CE), Rogério Rosso (DF) e Thiago Peixoto (GO). Integrante do chamado Centrão como o PSD, o PR também trocou seus membros na CCJ.
Na última quarta-feira, o partido trocou o deputado Giovani Cherini (RS), aliado do Planalto, por Alexandre Valle (RJ). Embora governista, Valle integra o grupo de insatisfeitos com Temer. Na semana anterior, a sigla também substituiu Jorginho Mello (SC), que era titular da CCJ e votou a favor de Temer na primeira denúncia, pelo Delegado Edson Moreira (MG), contrário à investigação.
DELAÇÃO A divulgação dos vídeos da delação premiada do doleiro Lúcio Funaro e a operação de busca e apreensão no gabinete e na residência do deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) ontem deram novo ânimo à oposição na Câmara para garantir o prosseguimento da segunda denúncia contra Temer.
Os oposicionistas dizem que os novos episódios podem ajudar a reverter votos na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e a estratégia, a partir de agora, é explorar os acontecimentos com profundidade no colegiado, incluindo a exibição dos vídeos de Funaro durante a sessão de debates, prevista para começar hoje.
O deputado Júlio Delgado (PSB-MG), um dos principais articuladores da oposição na CCJ, disse contabilizar agora 36 votos pela rejeição da denúncia contra 28 votos pelo prosseguimento do processo (contando com a expulsão dos deputados do PSB que hoje integram a CCJ). Até semana passada, os governistas diziam ter entre 38 a 44 votos a favor de Temer. “Esse placar vai se alterar muito mais”, prevê Delgado.
Já o vice-líder do governo na Câmara, Beto Mansur (PRB-SP), disse que a delação do doleiro e a operação policial contra Lúcio Vieira Lima não alteram o cenário pró-governo na apreciação da segunda denúncia.
“Na minha opinião não muda absolutamente nada. Temos um número de votos consolidados”, declarou.
.