São Paulo, 20 - A tradicional peruada, passeata etílico-política, promovida pelo centro acadêmico XI de Agosto da faculdade de Direito do Largo São Francisco, teve como sua principal vítima o prefeito de São Paulo João Doria (PSDB). Muitos estudantes se fantasiaram de ração para cachorro (uma referência explícita a polêmica farinata promovida por Doria) e do personagem da série de livros "Onde Está Wally" (adaptado para Onde está o Doria? - uma brincadeira com a agenda de viagens do prefeito).
Embora, oficialmente, o tema do evento tenha sido "Meu peru não está contente, quero votar para Presidente", não foi a possibilidade de eleições antecipadas que mobilizou os futuros advogados. Muitos, inclusive, consideraram a pauta "atrasada" em relação aos recentes desdobramentos da política nacional. Um dos organizadores da peruada explicou o descompasso. "O tema foi escolhido em votação. Entendo que ele tenha ficado um pouco pra trás, mas ele é o tema que representa nosso trabalho e luta de todo esse ano", disse Guilherme Ribeiro, 20 anos, estudante do Largo São Francisco.
A peruada reuniu cerca de 2 mil pessoas - que se concentraram na frente da Faculdade de Direito (as atividades acadêmicas dessa sexta-feira foram suspensas). Alguns comerciantes do entorno da faculdade se mostraram preocupados com eventuais "penduras" (a tradição de não pagar contas no dia da peruada) e sequer abriram suas portas. "Claro, que um ou outro pendura vai acontecer, mas a peruada desse ano é um ato político", disse Fernanda Moreira, 22 anos, que estava fantasiada de "Cura Hetero" - uma referência aos temas de ordem moral que tem pautado parte do embate político.
O prefeito João Doria foi o maior "homenageado" pelos estudantes.
Além da cerveja, da catuaba e dos eventuais penduras, a peruada também satirizou outro presidenciável. Assim como Doria, Jair Bolsonaro esteve na mira dos estudantes. A fantasia de bolsominions foi uma das mais comuns da festa. Um grupo chegou a levar cartazes com as frases polêmicas do deputado, coisas do tipo "é melhor torturar do que matar".
Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que também lecionam na faculdade, Ricardo Lewandowski e Alexandre de Moraes, também eram alvos de brincadeiras. "Depois que virou ministro o Alexandre não apareceu mais para dar aula", disse uma aluna que não quis se identificar.
(Gilberto Amendola).