Brasília – Após uma série de críticas ao presidente Michel Temer ao longo da semana, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) rechaçou a tese da Procuradoria-Geral da República (PGR) de que o ex-ministro Geddel Vieira Lima “parece” ter assumido a posição de líder de uma organização criminosa. Pelo Twitter, Renan insinuou que o “chefe” de Geddel seria outra pessoa, sem citar o nome do presidente da República. “Engraçado... Nunca soube que Geddel era o chefe. Para mim, o chefe dele era outro”, escreveu o senador alagoano ontem.
Na quinta-feira, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, considerou que a prisão preventiva do ex-ministro é “imprescindível” para a continuidade das investigações. Geddel foi preso em julho por tentativa de obstrução de Justiça, mas colocado em prisão domiciliar dias depois. Em 8 de setembro, o ex-ministro foi novamente preso preventivamente após a Polícia Federal encontrar o equivalente a R$ 51 milhões atribuídos a ele em um apartamento em Salvador (BA), na operação Tesouro Perdido.
Para Raquel Dodge, Geddel “fez muito em pouco tempo”. “A elevada influência desta organização criminosa evidencia-se, aos olhos da nação, em seu poder financeiro: R$ 52 milhões em um apartamento de terceiro, sem qualquer aparato de segurança, em malas que facilitaram seu transporte dissimulado. Este dinheiro seria apenas uma fração de um todo, ainda maior e de paradeiro ainda desconhecido.” Nas palavras da procuradora-geral, está sendo investigada uma “poderosa organização criminosa que teria se infiltrado nos altos escalões da administração pública, e que seria integrada, segundo indícios já coligidos, por um ex-ministro de Estado e o ex-presidente da Câmara dos Deputados”.
A investigação que levou ao dinheiro escondido no apartamento em Salvador apura desvios na Caixa Econômica Federal, com suposta participação de Geddel e do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. A manifestação foi encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF) após as defesas de Geddel e do advogado Gustavo Ferraz, suposto aliado do peemedebista, entrarem com pedido de liberdade. Fachin manteve Geddel preso, mas substituiu a preventiva de Ferraz por prisão domiciliar e pagamento de fiança. A manutenção da prisão de Geddel gera apreensão no Planalto, que teme que o ex-ministro admita a delação premiada como estratégia de defesa e implique a cúpula do PMDB. Geddel foi ministro do presidente Michel Temer e considerado um aliado no Planalto.