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Estado de Minas

Planalto busca nova agenda após votação da denúncia contra Temer

Equipe de Temer planeja lançar campanha com ações e reformas em seguida à provável derrubada da denúncia contra ele na Câmara. Estratégia é criar clima de página virada


postado em 22/10/2017 06:00 / atualizado em 22/10/2017 08:25

Tentativa do presidente Michel Temer é recuperar a popularidade. Atualmente, seu governo tem apenas 3% de aprovação(foto: Evaristo Sá)
Tentativa do presidente Michel Temer é recuperar a popularidade. Atualmente, seu governo tem apenas 3% de aprovação (foto: Evaristo Sá)

Brasília
– A três dias para a segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer ser votada no plenário da Câmara dos Deputados, o Planalto procura dar demonstrações de que o problema já está resolvido. Temer tenta passar uma imagem de serenidade, e pretende lançar o projeto “Agora é avançar”, buscando agenda positiva em meio à crise. Aliados acreditam que a acusação de obstrução de Justiça e participação em organização criminosa deverá ser rejeitada por, no máximo, 260 parlamentares, número inferior ao esperado, mas garantia de vitória na Casa.


Concentrando-se na expectativa de que o plenário da Câmara derrube a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer, marcada para a próxima quarta-feira, o governo já prepara o “day after” da crise e vai lançar o mote “Agora é avançar”. O slogan aparecerá não apenas em campanhas publicitárias, mas também em discursos e programas. A estratégia do Palácio do Planalto é  investir nesse conceito, uma tentativa de criar um clima de página virada após o enterro da acusação contra Temer.


Embora a base aliada esteja dividida, até mesmo a oposição já admite, nos bastidores, que a denúncia apresentada contra o presidente será rejeitada pela Câmara, ainda que o apoio seja menor. A avaliação no Planalto é de que o governo poderá ter menos do que os 263 votos obtidos em 2 de agosto, quando os deputados impediram o prosseguimento da primeira acusação — de corrupção passiva. Mas, mesmo assim, conseguirá superar o obstáculo.


O problema é que a popularidade de Temer está em queda, delações da Lava-Jato ameaçam atingir novamente o primeiro escalão, além da cúpula do PMDB, e a crise continua batendo à porta do Planalto. Com apenas 3% de aprovação, de acordo com a mais recente pesquisa Ibope, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), Temer tentará repaginar sua imagem e apostar em um “governo de resultados”.


A propaganda será ancorada em três eixos principais. O primeiro vai mostrar a redução do desemprego e a melhoria, ainda que incipiente, de indicadores econômicos, como PIB, inflação e juros. O segundo dirá que o governo conseguiu avanços por meio de reformas estruturantes — como a do teto dos gastos públicos e a nova lei trabalhista. E o terceiro baterá na tecla de que as instituições funcionam, mesmo com crises agudas. Embora o projeto ainda não tenha sido divulgado, Temer já começou a agir em busca de agenda positiva. No Mato Grosso do Sul, onde esteve ontem, discutiu ações integradas para preservar o meio ambiente e promover o desenvolvimento econômico e social. “Estou tranquilo”, disse à imprensa sobre a denúncia.

Aplauso ao contrário

Temer avisou aos aliados com quem conversou nos últimos dias que, superada a denúncia apresentada no mês passado pelo então procurador-geral da República Rodrigo Janot, sairá mais do gabinete e tentará vencer a batalha da comunicação. Às vésperas do ano eleitoral de 2018, a ideia é ampliar as viagens pelo país, aumentar o contato com o público e levar uma boa notícia na bagagem, em vez de dar prioridade à polêmica reforma da Previdência. “Não tenho medo de vaia, não. Vaia é o aplauso ao contrário”, costuma dizer o presidente, sempre que perguntado sobre o receio de enfrentar protestos.

 Para concretizar o slogan “Agora é avançar”, que também será usado nas redes sociais, o Planalto recorreu a pesquisas e sondagens em grupos de opinião. As chamadas qualitativas, que medem o humor dos entrevistados, indicaram desencanto crescente com a política, com os partidos e com o governo, além do cansaço com a onda de denúncias sem fim. Após a escalada de tensão com o Executivo, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse a Temer, na semana passada, que ele precisa construir logo uma agenda de desenvolvimento e esperança. Argumentou que, se as mudanças não forem feitas, o governo ficará cada vez mais fragilizado e terá muita dificuldade para aprovar projetos no Congresso daqui pra a frente.

 

Apoio em números
260

Número de votos que o governo espera conseguir na Câmara nesta semana, barrando a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer, ainda que seja inferior ao que  conseguiu para segurar a primeira


 


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