O ex-procurador da República, Rodrigo Janot, afirmou nesta segunda-feira que a solução para a crise no Brasil deve ocorrer através da política. A declaração foi durante uma palestra para universitários em Belo Horizonte, na qual ele defendeu a Operação Lava-Jato e falou sobre combate à corrupção. “A solução para o Brasil hoje, para a crise política que o Brasil vive, só pode acontecer através da política. Não há outra solução possível”, afirmou.
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Janot vem a BH para palestra sobre combate à corrupçãoMoreira Franco diz que delação de Funaro foi 'encomenda remunerada' de JanotJanot quer acabar com auxílio-educação pago no MP do Rio de JaneiroJanot afirma que entrega dos novos áudios de delatores foi uma 'casca de banana'Janot vê pagamentos da Odebrecht próximos de reunião com TemerO ex-procurador-geral fez um discurso mais técnico, mas não deixou de apresentar os números da Lava-Jato e defender a delação premiada, ao falar para alunos do Ibmec. Segundo o ex-procurador, as organizações criminosas são muito fechadas e marcadas pela lei do silêncio. “Através desse instrumento, a gente consegue penetrar nessa estrutura hermeticamente fechada e obter a ideia, o desenho da organização, como é que se dá a lavagem de dinheiro, onde será possível encontrar os valores desviados”, afirmou.
Depois de denunciar o presidente Michel Temer (PMDB) por duas vezes, além de ministros e outros políticos envolvidos na Lava-Jato, Rodrigo Janot se tornou alvo da classe, que desqualifica as delações e chega a acusar a PGR de forjar provas.
O ex-procurador falou dos efeitos da corrupção, que, segundo ele, cria obstáculos ao desenvolvimento social e à distribuição de renda, aumenta ou impede a redução da desigualdade social. “Um estudo do Fundo Monetário Internacional diz que se melhorar o combate à corrupção na América Latina, em médio prazo, a renda per capita dos habitantes desse bloco aumentaria em torno de US$ 3 mil”, disse.
Segundo Janot, a corrupção também gera atraso tecnológico ao país, pois o mais importante passa a ser a negociação de propina. Há ainda uma perda da eficácia econômica, pela ausência de uma competição real. O procurador citou números de um estudo da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) para projetar o valor do prejuízo gerado para a corrupção. De acordo com Janot, o Brasil teria perdido de 2% a 3% do PIB em 2016, ou R$ 100 bilhões.
Janot citou frase do Papa Francisco para dizer que a corrupção é podre e fede. Na palestra, que mais pareceu uma aula, ele diferenciou a corrupção endêmica da sistêmica. Como exemplo da primeira, citou o caso em que um membro do Ministério Público de outro país, em Brasília, propôs pedir um recibo pelo almoço de todos os procuradores presentes em um encontro para ser reembolsado.
Janot pregou a “cidadania ativa” como forma de ajudar a combater a corrupção, que, segundo ele, viola os direitos fundamentais de todos os cidadãos.
Cotado para disputar as eleições de 2018 como senador ou governador, Janot não quis dar entrevistas e saiu pelos fundos para evitar a imprensa..