Tudo indica que será uma reprise
A votação é na Câmara dos Deputados, mas o pitaco vem do presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-AL). Um, não. Dois. E tudo na TV Senado, só que publicado, embora seja a mesma entrevista, um trecho sexta-feira e outro ontem. No último, ele conversou sobre a situação econômica do país.
No de sexta, atacou o que diz ser “compra de votos” pelo presidente Michel Temer para evitar um eventual afastamento. O tal “o que diz ser”, já que não ofende, tem liquidação no Congresso?
Já ontem, no mesmo programa Cidadania, estava no site: “O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) esteve na TV Senado para participar do programa Cidadania, em que tratou da conjuntura política do país. Na ocasião, ele conversou com o Senado Notícias sobre a situação econômica do país”. Para deixar claro, não me dei ao trabalho de ver o vídeo. Precisava?
Na questão do afastamento do senador Aécio Neves (PSDB-MG), Renan foi categórico em sua defesa. E pegou pesado, dizendo que seria “melhor dissolver o Senado” do que se submeter ao Supremo Tribunal Federal (STF). A guerra de poderes, como já registrado, só não se deu porque a presidente da mais alta corte do país, Cármen Lúcia, foi sensata.
Tinha diverticulite no meio do caminho de Romero Jucá (PMDB-RR), recém-operado, e crise hipertensiva de Paulo Bauer, internado, que estiveram no plenário para votar a favor do tucano. E, por outro lado, Ronaldo Caiado (DEM-GO), que estava de licença médica por ter fraturado um ombro ao cair de uma mula, também compareceu, em cadeira de rodas, só que para votar contra o tucano, melhor deixar pra lá.
Afinal, a votação da denúncia do presidente Michel Temer amanhã é na Câmara dos Deputados. A favor de Temer é o relatório do colega mineiro Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), que mantém o mandato do presidente. O que inverte as posições. Para derrubá-lo, a oposição precisa de dois terços dos votos, ou 342 deputados. Para Temer não ser deposto, bastam 171 votos para impedir o andamento da denúncia.
Esqueça! Só a bancada ruralista, aquela que a portaria de seu interesse não foi cancelada, já soma perto de 200 votos, no mínimo. É aquela tratada como portaria do trabalho escravo. A favor do presidente Temer, haja fazendeiros no Congresso.
Bem, confiar nos políticos deste país não dá mesmo. Ano que vem tem eleição... Só que as ruas estão vazias, nem mesmo as bandeiras vermelhas tremulando, nada. Pelo jeito, a conta já está fechada. Temer fica.
Só rezando
Primeiro, quis rezar o terço, citou que para o papa Francisco a corrupção é “suja e fede”. Depois, passou para dados do Fórum Econômico Mundial, ressaltando que o Brasil passou da 120ª posição para a 109ª na lista dos países que mais combatem a corrupção. É... o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot deve estar mesmo orgulhoso. O Brasil só tem 108 países menos corruptos que ele. Mas para ser justo, é necessário registrar de novo. A lista de Janot é cheia de cardeais políticos, vai do PT ao PSDB. De Lula e Dilma a Aécio.
A fofocagem
O assunto eram os telefonemas entre o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e o senador Aécio Neves (PSDB-MG). Provocado, respondeu Gilmar: “Converso com Aécio, Serra, presidente da Câmara, do Senado, vários parlamentares. Eles brincam quando me chamam para o jantar: ‘Chegou o membro do partido’, tal é a intimidade de tantas reuniões”. Acrescentou que tudo não passava de “fofocagem”. Já tinha ouvido falar? A explicação: “ato ou efeito de fofocar, muitas fofocas de grande duração e extensão”. Melhor parar por aqui, senão vira fofocagem a grande extensão.
No dicionário
Houaiss não tem. Idosicídio até o computador grifa como escrito errado. Tem criancídio? Mulhericídio? Esposícidio? Ou mesmo homenicídio? Pois a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado examina amanhã sete projetos de lei que alteram o Código Penal. Uma das propostas tipifica o homicídio contra idoso, chamado de idosicídio. Semana passada, o autor, Elmano Férrer (PMDB-PI), apelou em plenário para que a matéria seja votada na comissão. O projeto é para tipificar novas infrações penais ou agravar punições de condutas já normatizadas.
O Haiti
A deputada Bruna Furlan (PSDB-SP) é tucana, mas preferiu o 13. Calma, não é número do PT. Ela pretende fazer, amanhã, audiência pública para discutir a situação do Haiti após a conclusão da missão das Nações Unidas de estabilização daquele país. É claro que será na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional. Para explicar o 13, Bruna pretende fazer um balanço dos 13 anos em que as Forças Armadas brasileiras estiveram presentes na missão da ONU diante de uma guerra civil lá.
Interlegis
“Cristovam exalta cultura túrquica em evento no Interlegis.” Era o título no site oficial do Senado. Fiquei curioso. O que é Interlegis? Resposta rápida: “O Interlegis é um programa do Senado Federal executado pelo Instituto Legislativo Brasileiro (ILB) e existe desde 1997. Operou em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) até abril de 2015. O objetivo é “fortalecer institucionalmente o Poder Legislativo brasileiro por meio do estímulo à modernização, integração e cooperação, entre as casas legislativas nas esferas federal, estadual, municipal e distrital”.
PINGAFOGO
Que chuva, não? Demorou, mas veio, andava mesmo precisando. De onde moro, consigo avistar a Serra do Curral. Na hora da chuva, não dava para vê-la. Ouvir os trovões era fácil. Já a outra meteorologia...
Trata é da chuva de corruptos e das trovoadas da Operação Lava-Jato da Polícia Federal (PF) em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF). E as trovoadas do juiz Sérgio Moro no caminho formam uma tempestade cheia de bandidos com mandatos.
Ainda da nota sobre o Haiti: “Não por acaso o Brasil tem sido objeto de consultas permanentes por parte da ONU para atuar em outras frentes de conflito no mundo”. É ainda sobre a deputada Bruna Furlan. A ONU está certa. O Brasil é mesmo da paz.
“Estou sendo injustiçado. O senhor (juiz) está encontrando em mim uma possibilidade de gerar uma projeção pessoal, e me fazendo um calvário, claramente.” Tadinho do ex-governador do Rio Sérgio Cabral.
Ai que dó! Como sofre em um calvário, nesse martírio todo, só porque está sendo crucificado na Justiça por ter desviado tanto dinheiro público do Rio de Janeiro, que está completamente quebrado.