Brasília - Com uma estratégia similar a da primeira denúncia, o presidente Michel Temer tem agenda oficial apenas de despachos internos nesta terça-feira, 24, e deve abrir as portas de seu gabinete a parlamentares conforme for procurado. Reforçando que é o presidente do diálogo, receber deputados às vésperas de votações importantes, fazer afagos, anotar pedidos e sinalizar que pode atender aos parlamentares tem sido a praxe do governo Temer e nesta terça-feira, segundo auxiliares do presidente, não será diferente.
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Na noite desta segunda-feira, 23, Temer reuniu líderes da base aliada no Palácio do Alvorada para fazer um levantamento da disposição da base em derrubar a denúncia por obstrução de justiça e formação de quadrilha. Além do presidente, são alvos da acusação os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência).
A avaliação que foi feita é que o governo conseguirá barrar a denúncia com um placar "entre 260 e 270 votos". Também foi reforçado - assim como na primeira denúncia - que é o momento da base aliada mostrar lealdade e que traições serão retaliadas, com perda de cargos, por exemplo. Há também por parte dos parlamentares uma cobrança para que as emendas prometidas sejam de fato liberadas.
Desde 14 de setembro, quando a Procuradoria-Geral da República apresentou a denúncia por organização criminosa e obstrução da justiça contra Temer, o governo liberou quase R$ 829 milhões em emendas. Do valor total previsto para este ano, R$ 6,8 bilhões, o Planalto ainda tem cerca de R$ 1,6 bilhão para transferir aos parlamentares.
Na primeira denúncia, quando o crime em questão era corrupção passiva, Temer obteve 263 votos a seu favor e contra o seguimento da acusação - 227 foram desfavoráveis ao presidente. O resultado da votação desta quarta-feira será, na avaliação de aliados, um espelho da base de sustentação e governabilidade do peemedebista.
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