Jornal Estado de Minas

Similarmente na itália, corrupção no Brasil é serial, diz Moro

São Paulo - O juiz federal Sergio Moro, responsável pelos julgamentos em primeira instância da Lava Jato, afirmou que, em sua avaliação, a Operação Mãos Limpas não fracassou, mas, ao contrário, foi um caso de sucesso. O problema, segundo ele, é que esperaram mais de uma investigação judicial do que se deveria. "Esse é um erro que deve se evitar aqui no Brasil", disse ele que disse que Operação Mãos Limpas foi uma "grande inspiração".

Ele reforçou que a corrupção era serial e citou um caso de um diretor da Petrobras que foi trocando de padrinhos políticos à medida em que os antigos iam perdendo força. "Esses crimes precisam de uma resposta firme da sociedade."

Moro falou sobre as semelhanças na origem das duas operações, que começaram com prisões modestas. "Tanto na Itália quanto no Brasil, as operações se desenvolveram como uma bola de neve e ambas mostraram uma corrupção sistêmica, mostraram que a corrupção havia tomado conta de uma boa parte das instituições públicas da Itália e aqui no Brasil."

Sobre os casos concentrados em Curitiba, sua responsabilidade, e que são centrados nos contratos da Petrobras, ele disse que foi constatado uma captura da estatal em várias perspectivas. "Uma delas foi a fraude dos contratos por parte dos diretores para que não houvesse concorrência", disse, afirmando que, assim, se poderia cobrar um preço maior que o de mercado.

Além disso, citou o recebimento de propinas por agentes da empresa. "Além disso, também foi constatado que parte dos valores de propina eram destinados a partidos políticos que davam sustentação a seus cargos."

O juiz participa do Fórum Estadão Operação Mãos Limpas & Lava Jato, uma associação entre o jornal O Estado de S. Paulo e o Centro de Debate de Políticas Públicas (CDPP).
O painel, reservado para convidados, será mediado pela jornalista Eliane Cantanhêde, colunista do Estado, e pela economista Maria Cristina Pinotti, do CDPP. Terá ainda a participação do diretor de Jornalismo do Estado, João Caminoto, e do economista Affonso Celso Pastore, do CDPP.

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