Brasília, 27 - Morreu na manhã dessa quinta-feira, 26, em Belém, o ativista Paulo Fonteles Filho, de 45 anos, um dos mais atuantes defensores de direitos humanos na Amazônia. Ele estava internado há 15 dias, em tratamento contra uma broncopneumonia, e não resistiu a um ataque cardíaco. O velório acontece na Assembleia Legislativa do Pará.
Ex-vereador pelo PCdoB e representante da Comissão Estadual da Verdade, Fonteles pertencia a uma família de ativistas políticos. Os pais dele, a socióloga Hecília e o advogado Paulo Fonteles, se conheceram nas prisões do regime militar. Após deixar a prisão, o pai passou a atuar na defesa de posseiros e sitiantes em conflitos de terra e se elegeu deputado estadual. Foi assassinado, em junho de 1987, a mando de um consórcio de grileiros e fazendeiros numa estrada em Marituba.
Como o pai, Paulo Fonteles Filho se dedicou especialmente a registros e denúncias de violações de direitos humanos no sudeste paraense. Trabalhou em comissões de buscas de corpos de guerrilheiros do Araguaia e no resgate de histórias dos camponeses que foram alijados das políticas de reparação a vítimas do regime militar.
Nos últimos anos, Fonteles Filho percorria com frequência a antiga PA-150, entre Goianésia e Marabá, rodovia estadual que hoje leva o nome de seu pai e corta terras de intensos conflitos agrários. O ativista deixa a mulher Angelina Anjo e três filhos.
O enterro do corpo de Fonteles Filho está previsto para esta sexta-feira, 27, no Cemitério de Santa Isabel.
(Leonencio Nossa)