Com dezenas de projetos parados esperando votação, o plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) ainda não voltou do recesso, que terminou em julho. Desde 1º de agosto, quando os 77 deputados estaduais deveriam chegar das férias, não houve quórum para nenhuma votação de projetos de lei. São 87 dias de jejum causados pela falta de entendimento entre governistas e parlamentares de oposição. Na fila aguardam propostas para as áreas econômica, ambiental, da educação, serviço público e questões orçamentárias.
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Comissão da ALMG aprova prorrogação de licença de demitidos da Lei 100ALMG compra medalhas para homenagear personalidadesALMG deve aprovar criação de cargos sem concurso para o MPMG nesta segundaEm ano de eleição, ALMG deve votar só no primeiro semestreMPF questiona no STF aumento automático para deputados de MinasEm praticamente três meses foram 36 reuniões encerradas sem votar projetos por falta de quórum. Destas, quatro não tiveram o número mínimo de deputados nem para abrir a sessão, o que significa que havia menos de 26 presentes. De janeiro a setembro, os cofres públicos gastaram com remuneração e custeio dos parlamentares R$ 35.326.923,56. Somente em agosto e setembro, período em que não houve votação, as despesas foram de R$ 7,8 milhões.
Governistas culpam a oposição pela obstrução aos trabalhos, mas também não têm dado quórum para as votações. O motivo, segundo integrantes da base, seria o não pagamento das emendas parlamentares.
O líder da minoria, deputado Gustavo Valadares (DEM), afirma que a oposição está em obstrução desde a volta do recesso por causa da “falta de compromisso do governo estadual com os municípios”. O Executivo está devendo repasses da saúde, transporte escolar e a cota de ICMS das prefeituras. “Os repasses atrasados do governo com os municípios já superam R$ 2,4 bilhões. E tem também a situação dos servidores, com o escalonamento e atraso de salários, que já é mais antiga.
Nesta semana, a oposição ingressou com ação popular com pedido de liminar para garantir o repasse integral da cota-parte do ICMS às prefeituras, semanalmente. A Associação Mineira de Municípios vem cobrando os atrasos e chegou a fazer uma carta pública cobrando o governo de Minas. Na semana passada, o depósito de 17 de outubro foi feito parcialmente, com apenas 63% dos recursos devidos depositados.
Questionado sobre o fato de a Assembleia estar parada, o líder do governo, deputado Durval Ângelo (PT), culpou os opositores. “É a obstrução da oposição. Direito deles, o regimento permite.” Sobre os questionamentos em relação aos repasses atrasados, Durval disse que “é discurso” e que a saúde e o transporte estavam atrasados desde 2014, ano anterior ao que Fernando Pimentel (PT) assumiu o governo. Ele também disse que as emendas estão atrasadas, mas serão quitadas. “Eu e Adalclever (presidente da ALMG) fizemos um acordo pelo pagamento, mas ainda não foi cumprido”, disse. Sobre o fato de as emendas para entidades correrem o risco de ser perdidas, Durval disse que a lei eleitoral prevê 31 de dezembro como prazo final e que “o governo vai cumprir”.
FILA É GRANDE
Na fila de votações estão projetos como o que garante a extensão da licença de saúde para os exonerados da Lei 100.
Só do governo, excetuando as doações de imóvel e denominações, há pelo menos 15 projetos parados, além de quatro vetos que trancam a pauta. Além das renegociações de dívidas, tramitam propostas como as que tratam da produção e regulamentação do queijo artesanal em Minas, do estatuto das micro e pequenas empresas e do programa certifica Minas. Entre os textos estão ainda créditos adicionais ao Tribunal de Justiça, estatuto e vencimento dos policiais, regras para processos administrativos, sistema estadual de cultura e a criação do conselho LGBT.
Entre os cinco vetos que trancam a pauta está o que permite a troca de titulares de cartórios de entrância especial em Minas Gerais, incluído como uma emenda Frankenstein em um reajuste do Judiciário. Outro veto polêmico foi à concessão de anistia aos praças da Polícia Militar que participaram da greve de 1997. Há ainda vetos parciais à anistia aos servidores da educação básica, aos projetos dos fundos de investimento do estado e plano da educação..