São Paulo, 02 - A base do discurso visível do deputado e presidenciável Jair Bolsonaro (PSC-RJ) está nas questões de segurança pública e de ordem moral. Até aí, nenhuma novidade. Mas, claro, nem só de segurança e religião vive o parlamentar. Uma pesquisa no site da própria Câmara, entre as mais de 200 frentes parlamentares em funcionamento, revela um Bolsonaro, digamos assim, mais diversificado.
Como praticamente todos os deputados, Bolsonaro assinou a criação de uma série de frentes. Entre as mais inusitadas estão a de Defesa do Futsal; a da Defesa da Valorização Nacional de Uvas, Vinhos, Espumantes e seus Derivados; a da Odontologia e da Brasil Sem Jogos de Azar. Há até uma frente de temas que têm estado mais na pauta de deputados de esquerda e ligados aos direitos humanos, a da Reforma Psiquiátrica e Luta Antimanicomial.
Tem mais: Bolsonaro está inscrito em três frentes em que o seu arqui-inimigo, o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), também está inscrito. A Frente do Automobilismo Brasileiro, a Frente em Defesa dos Despachantes e Documentaristas do Brasil e a Frente Mista do Artesão e do Artesanato Brasileiro.
O que a assinatura do presidenciável nessas frentes revelam é a pouca relevância que o instrumento (frentes parlamentares) tem no Congresso. É uma coisa quase colegial.
O fato é que os presidentes de frentes procurados pela reportagem disseram que Bolsonaro não é um membro ativo de nenhuma delas. É normal esse procedimento na Câmara. As frentes têm um núcleo de coordenadores que atuam por aquela causa. Não são todos que atuam, que participam de reuniões e conversas, disse o deputado Bacelar (Podemos-BA), presidente da Frente em Defesa do Futsal.
A assessoria da deputada Erika Kokay (PT-DF), que preside a Frente da Luta Antimanicomial, também informou que Bolsonaro não é um membro ativo do grupo e que ele nunca participou de nenhuma reunião.
Sobre as frentes em que Jean e Bolsonaro aparecem juntos, a assessoria do parlamentar do PSOL afirmou que ele também não é membro ativo de nenhuma dessas frentes e que apenas teria assinado para que elas pudessem existir. Segundo deputados que preferiram não se identificar, a maioria das frentes nunca passou de um pedaço de papel e mesmo aquelas cujo os temas são relevantes produzem pouco.
Bolsonaro foi procurado pela reportagem, mas não respondeu às mensagens deixadas no celular. A assessoria do deputado disse que ele estava afônico e gripado e por isso não poderia responder aos questionamentos. As informações são do jornal
O Estado de S.
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(Gilberto Amendola).