O ex-ministro Henrique Eduardo Alves (PMDB) chorou algumas vezes durante depoimento à Justiça Federal de Brasília no qual respondeu perguntas sobre a conta no exterior atribuída a ele e admitiu ter recebido doações eleitorais em caixa dois.
O peemedebista está preso desde junho em Natal, Rio Grande do Norte, em decorrência de outra investigação.
Sobre a conta, Alves disse que não sabia da movimentação de dinheiro. "Eu apenas assinei o documento que me deram. (…) E fui informado que no prazo de um ano se eu não movimentasse essa conta ela seria encerrada", disse Henrique Alves sobre a abertura da conta.
"Para mim ela estava natimorta, passou a não existir, sem um tostão meu", disse. Ele negou que tenha dado ordem a alguém para movimentação da conta e disse que não possui nenhuma outra conta no exterior.
Investigadores identificaram uma movimentação equivalente a mais de US$ 800 mil na conta aberta na Suíça e o Ministério Público Federal aponta que o valor foi oriundo de pagamento de propina da empresa Carioca Engenharia.
No depoimento, o ex-ministro admitiu que recebeu doações eleitorais de empresas "sem ter declarado à Justiça Eleitoral" os valores - o caixa dois.
"Recebi doações de empresas JBS, Odebrecht e outras, que ajudaram minha campanha. Mas quero ter a coragem, como nordestino que sou, de assumir que alguns desses valores eu posso não ter declarado na Justiça Eleitoral.
Ele não especificou valores e nem nominou quais outras empresas fizeram doações que ele manteve sem declarar formalmente.
Conta
Ao ser questionado sobre a existência de uma conta no exterior da qual seria o beneficiário, Henrique Alves repetiu o que sua defesa tem apresentado à Justiça. Ele afirmou que abriu a conta em 2008, para evitar que desentendimentos familiares entre irmãos por conta de herança afetassem seu patrimônio.
O ex-ministro disse ter revelado os problemas familiares ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, que o aconselhou a abrir uma conta fora do País para proteger o patrimônio de disputas na família em torno da herança e em razão de eventual divórcio.
Cunha teria orientado Henrique Alves a procurar escritório com sede no Uruguai para os trâmites da abertura da conta.
Henrique Alves disse ainda que ocorre a "pura e deslavada criminalização da política" ao afirmar que faz parte da atividade política participar das indicações a cargos. "Querem criminalizar a política", afirmou.
Ele respondeu perguntas do juiz Vallisney Oliveira e de seu advogado, mas se manteve calado quando questionado pela Procuradoria da República.
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