To be or not to be? FHC tem the answer?
Se tem alguma coisa na política brasileira que é sintoma de fraqueza, basta a escolha do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em artigo publicado no domingo. E olha que ele ainda defendeu a saída dos ministros tucanos e dos que não estão no ministério, mas têm altos cargos. O alvo foi certeiro, FHC conseguiu irritar o presidente Michel Temer (PMDB), o que é difícil de acontecer, diante do temperamento dele.
O Centrão, que deu os votos decisivos para Temer na análise da segunda denúncia, nem foi preciso perguntar. Antes mesmo da indagação, já davam todo o apoio a FHC. Comentavam sem nem chegar ao assunto. Na tradução simultânea, a frase mais ouvida era “teremos mais espaço para nossos integrantes no governo”.
Na volta ao PSDB, a tradução simultânea é subir no muro até a convenção do partido no mês que vem. E, óbvio, com os 3% de Temer nas pesquisas, vão desembarcar mesmo. Por que FHC não tira logo os ministros? Vai esperar mais um mês? Serão emendas parlamentares empenhadas, mas várias ainda não pagas? Quanto ao subir no muro paulista, de um lado tem o governador Geraldo Alckmin e de outro o prefeito João Doria.
FHC, Alckmin, Dória... é o jeito paulista de ser na política. Falta o traquejo dos mineiros, mas os tucanos não têm mais o senador Aécio Neves (PSDB) para cumprir essa missão. Seu poder dentro do partido é zero, ainda que parte da bancada mineira jure fidelidade. Faz de conta que são sinceros. Na hora do palanque, do “vamo ver”, quem vai se arriscar?
Chega de PSDB, porque o que não falta a ele é companhia. O PT, encrencado na Lava-Jato, com o ex-presidente Lula na fila do juiz Sérgio Moro. O PMDB, nem precisa falar dos índices de aprovação de Temer, basta seus integrantes que são alvos para ir a Curitiba. Quem mais? O DEM tem Ronaldo Caiado no meio do caminho, mas do outro lado pode ser que o tucano Doria se torne um “verdadeiro democrata”.
E ainda tem Marina Silva (Rede) de novo, Jair Bolsonaro (PSC), à direita da direita, o insistente Ciro Gomes (PDT), sem falar no Álvaro Dias (Podemos), se é que ele ainda está lá, porque a lista de partidos onde já esteve nem cabe na coluna.
Enfim, vale a máxima teatral de Shakespeare em A tragédia de Hamlet, o to be or not to be, eis a questão do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, seguida de outra frase, o resumo, “It’s the economy, stupid”, de James Carville, na campanha de Bill Clinton contra George Bush, o pai.
Tanto faz
Direita volver ou à esquerda volver, tanto faz, tem diferença não. Tanto o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) quanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estão na mira do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O motivo: campanha antecipada. “Imagens veiculadas no site de Lula no contexto de sua recuperação de um câncer foram usadas por terceiros, não cabendo ao ex-presidente qualquer responsabilidade pelo ato”, alega a sua defesa. “Pela lei eleitoral, a campanha antecipada tem de ser feita de forma explícita. Isso não existe em nenhum vídeo”, se defende Bolsonaro. Ficamos assim.
"Os deputados do PSDB podem ajudar, principalmente na pauta econômica, na retomada do emprego. Todos são importantes. Mas, se tem alguém que esteja no governo e não está satisfeito, não tem por que permanecer"
Tucanou, pois faltou ao líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Baleia Rossi (SP), completar a frase diante do “permanecer”. Deveria ter acrescentado não permanecer em cima do muro à espera da convenção do partido, aquela do FHC, do texto que abre a coluna.
Voz do Leitor
Antes tarde do que nunca, com feriadão no meio. É sobre a nota que tratava da quadrilha que veio de Brasília para assaltar hipermercado em Contagem que escreve o leitor Geraldo Silva: “Caro Baptista, Brasília resolveu dar o troco. De tanto a gente mandar bandidos pra lá, eles resolveram mandar uns bandidos pra assaltar supermercado daqui. Saudações”. A coluna agradece e lembra trecho da nota citada: “Se vieram de Brasília, é sinal de que os nobres parlamentares já ficaram com tudo...”.
Para-choque
“Justiça Divina – Essa funciona.” Frase de para-choque de caminhão-baú. Nada mais é necessário acrescentar. Se traduzir para a política, no entanto, só não é piada pronta porque graça nenhuma tem. Ao contrário, de graça para os contribuintes é que não sai mesmo. Quem dera ela pudesse funcionar contra nossos nobres parlamentares corruptos que colocam no baú o dinheiro que deveria melhorar a vida dos brasileiros, em especial dos mais pobres. Pelo jeito, só Deus mesmo para ajudar.
História de vida
A ex-presidente da Fundação Helena Antipoff Irene de Melo Pinheiro faleceu ontem, aos 87 anos. Natural de Paracatu, Irene Pinheiro era pedagoga, psicóloga e historiadora. Presidiu a fundação, que promove ações educacionais que conduzem à formação de cidadãos conscientes de sua responsabilidade ética e social, em dois momentos: de 1983 a 1987 e de 1999 a 2014. Integrou o Conselho Estadual de Educação de 2002 a 2014. Irene Pinheiro deixa cinco filhos: o ex-presidente da Assembleia Legislativa Dinis Pinheiro, o deputado federal Toninho Pinheiro, a deputada estadual Ione Pinheiro, a bacharel em direito Ivana e a médica Isméria, além de 14 netos e um bisneto.
PINGAFOGO
Michel Temer bem que poderia me ajudar, ser o meu avalista, que ando precisando. Só que o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha negou ter recebido dinheiro da JBS para livrar a cara do presidente em sua delação premiada.
Quem alegou que Cunha tinha recebido para não incriminar Temer foram os irmãos Joesley e Wesley Batista, encrencados como eles só. Cunha tratou como: “Essa é que é a verdade. Deram uma forjada”.
Conselho não se dá de graça, mas o presidente Michel Temer ouviu assim mesmo. E deveria ter aceitado e publicado em edição extra, se necessário, do Diário Oficial da União a exoneração de todos os tucanos no governo, do primeiro ao último escalão.
Se fizesse isso, quem estaria em maus lençóis diante do pitaco por conta própria seria o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Esperar a convenção do PSDB para desembarcar, me poupe.
Bem, já que cheguei atrasado para fazer a prova do Enem no domingo e não me deixaram entrar, melhor ficar por aqui. Afinal, nem a redação, aquela da polêmica dos direitos humanos, pude fazer.