Brasília - O sócio da JBS Wesley Batista disse nesta quarta-feira, 8, que colaboradores da Justiça brasileira estão sendo "punidos e perseguidos" por dizer a verdade. Detido há quase dois meses por suposta prática do crime de insider trading - uso de informação privilegiada para lucrar no mercado financeiro -, Wesley afirmou que as delações premiadas fizeram o País se "olhar no espelho". O resultado foi que a nação "não gostou do que viu", disse Wesley.
As declarações foram dadas à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS, em sessão conjunta com a CPI do BNDES no Senado Federal. Antes de invocar o direito a permanecer calado, Wesley afirmou ainda que não se arrepende de ter colaborado com a Justiça, mas que descobriu que o processo é "imprevisível e inseguro".
"Não é fácil, é solitário, dá medo e causa muita apreensão. Hoje, na condição em que me encontro, descobri que é um processo imprevisível e inseguro para quem decidiu colaborar. Mas continuo acreditando na Justiça brasileira." Depois do pronunciamento em tom de indignação, ele passou a usar o direito de ficar em silêncio a cada pergunta feita pelos parlamentares integrantes do colegiado.
"Neste momento, ficarei em silêncio principalmente pela complementaridade da minha colaboração, ainda sob análise da Procuradoria-Geral da República.
Os senadores ainda tentaram insistir para que, diante de dezenas de repórteres e de câmeras da TV Senado que transmitiam ao vivo a sessão, o empresário aceitasse falar para se defender. Diante da negativa de Wesley e seus advogados, decidiram então que o manteriam presente no auditório e fariam suas explanações e questionamentos sobre a corrupção na JBS.
Wesley e seu irmão, Joesley Batista, sócios da JBS, estão presos desde o início de setembro. Os empresários foram detidos preventivamente na Operação Tendão de Aquiles por suposta prática do crime de insider trading, acusados de terem feito transações com dólares às vésperas da divulgação da delação, com o objetivo de lucrar com informações privilegiadas no mercado financeiro. Já sobre os pagamentos de propinas a políticos, os irmãos correm o risco de perder a imunidade que haviam garantido ao aceitar delatar aos investigadores da Lava-Jato.
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