Um professor da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) está sendo investigado pela Polícia Federal, a pedido da Procuradoria da República em Viçosa, após ter criado um grupo denominado Centro de Difusão do Comunismo (CDC) na universidade. A acusação contra ele é referente ao suposto desobedecimento da decisão de 2013 de um juiz federal do Maranhão que determinava o fim do projeto. O professor André Mayer, que coordenava o centro, manteve, como projeto próprio financiado pelo CNPq, um dos grupos de pesquisa ligado ao CDC – a Liga dos Comunistas, motivo pelo qual a investigação foi reaberta.
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Filho de Bolsonaro propõe criminalização do comunismoBolsonaro incentiva seguidor a contestar professora que 'ensina a gostar de comunismo'O professor André Mayer diz que não esperava essa investigação. “Em 2013 fomos pegos de surpresa com um processo judicial que queria suspender as atividades de um programa de extensão. Suspendemos, então, o programa. Um ano depois saiu a sentença em primeira instância ratificando a suspensão. Acabamos abrindo mão de ficar correndo atrás, seriam anos infindos.
André Mayer conta que “alguém acionou o Ministério Público Federal” e que a situação faz parte de um processo de “criminalização” dos movimentos sociais. “O nome preciso do que está acontecendo é criminalização do debate crítico contra a ordem do capital. O pensamento que coloca em xeque as relações sociais do capitalismo é um pensamento perseguido. Isso é secular, principalmente quando você está ligado aos pensamentos de Marx. A expectativa é de que teremos uma dura batalha pela frente, uma batalha política ideológica e jurídica”, explica.
Histórico O programa de extensão, criado em 2012, foi suspenso em agosto de 2013 por determinação judicial.
O programa coordenado por André Mayer era constituído de quatro ações articuladas para que “o estudo, o debate e a realização da crítica à ordem do capital” fossem contemplados. Na época, 20 bolsistas participaram do grupo, além de estudantes e pessoas não ligadas às universidades que tivessem interesse em participar. O grupo de pesquisa Liga dos Comunistas, alvo atual da polêmica, era um dos dois projetos ligados ao CDC, apesar de ter sido criado em 2009. O segundo projeto se tratava de um grupo de debate e militância anticapitalista. Dois cursos, “Mineração e exploração dos trabalhadores na região da Ufop” e “Relações sociais na ordem do capital” também eram realizados na universidade.
A Procuradoria da República em Viçosa não quis falar à reportagem sobre o assunto.
* Estagiário sob a supervisão do editor Renato Scapolatempore
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