O novo diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segóvia, nomeado ontem pelo presidente Michel Temer, assume o cargo com o desafio de manter o andamento da Operação Lava-Jato. Em um momento em que as investigações avançam nas esferas estaduais, o delegado chega com a missão de dialogar com os órgãos envolvidos e dar continuidade às investigações que apuram crimes contra os cofres da Petrobras.
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Sai de cena Leandro Daiello, o mais longevo diretor da PFPosse do novo diretor-geral da PF será no dia 20Troca na direção-geral da PF é uma 'temeridade', diz Randolfe RodriguesTemer escolhe delegado Fernando Segóvia para assumir direção da PF'Tratamento à Lava-Jato não muda', disse novo diretor do CadeNomeação de Fernando Segovia para comando da Polícia Federal é publicada no DOUO atual diretor, Leandro Daiello, deixa o cargo após quase sete anos — ele é o delegado que permaneceu mais tempo à frente da Polícia Federal desde a redemocratização. Antes dele, Moacyr Coelho ocupou o cargo por 11 anos. Daiello atuou durante o mandato de cinco ministros da Justiça e a troca do posto era cogitada desde o mês de maio, quando o então ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, passou a responder pela pasta. Pelo menos cinco nomes foram cotados para o cargo.
Pressão
Torquato sugeriu o nome de Rogério Galloro, atualmente o número 2 da corporação. Mas Temer decidiu por uma escolha mais pessoal para conduzir os rumos de 146 mil investigações que estão em andamento nas 27 unidades da PF nos estados e no Distrito Federal. O governo sofreu pressão do PMDB para realizar a mudança. De acordo com fontes da PF, o ex-presidente José Sarney teve papel crucial na escolha do novo diretor. Procurado pela reportagem, Sarney negou que tenha influenciado na escolha. “Não indiquei o senhor Segóvia nem fiz qualquer gestão junto ao presidente Temer para que fosse nomeado.
O deputado Chico Alencar (Psol-RJ) pediu que a sociedade fiscalize o novo diretor. “Essa tentativa de limitar as investigações da Lava-Jato não está começando agora, apenas está se concretizando. É preciso acompanhar com atenção esta nova composição da direção da PF. A casta política está agindo para manter uma articulação antiga em favor de seus interesses”, completou. O deputado Major Olímpio (SD-SP) não vê risco para os trabalhos desenvolvidos pela instituição. “A PF é uma corporação sólida. Isso não muda em nada os trabalhos que vêm sendo realizados.
Entre os integrantes da instituição, as reações foram de surpresa diante da decisão do presidente em mudar a gestão. Um delegado, com mais de 15 anos na PF, que preferiu não se identificar, criticou a forma como a alteração na gestão foi anunciada. “O presidente tem autonomia para definir quem ocupa o cargo máximo na PF. Mas esse tipo de mudança deve ser feita com calma e tranquilidade. Estamos em um período em que qualquer ação levanta suspeitas sobre interferência nas investigações. A PF não pode ficar sujeita a essa instabilidade e ingerência política. O ideal seria estabelecer tempo de gestão mínima para o diretor-geral a fim de evitar qualquer ação que prejudique o trabalho que as equipes vêm fazendo.”
As entidades de classe reagiram positivamente e manifestaram apoio ao delegado Fernando Segóvia. A Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF) ressaltou, em nota, a experiência de Segóvia na corporação. “A associação deseja sorte e sucesso ao novo diretor-geral, Fernando Sergóvia, servidor com mais de duas décadas dedicadas à Polícia Federal.” No entanto, a ADPF defendeu mudanças na escolha dos ocupantes do cargo. “Uma das nossas principais bandeiras é a mudança na forma de escolha do diretor.
O escrivão Flávio Werneck, vice-presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), destacou que a troca de comando não era esperada neste momento. “Os policiais federais foram pegos de surpresa com a decisão de mudar o comando da PF. Defendemos que a escolha sempre priorize alguém com preparo de gestão e atente à meritocracia. No entanto, a escolha do delegado Fernando Segóvia está em conformidade com as regras atuais de escolha do diretor-geral”, ressaltou.
O novo diretor
Fernando Segóvia é graduado em direito pela Universidade de Brasília (UnB) e ingressou na Polícia Federal ainda em 1995. O delegado atuou no serviço de inteligência da corporação, que investiga os crimes que ocorrem principalmente nas fronteiras brasileiras. Com larga experiência no combate ao narcotráfico e na atuação contra organizações criminosas, assumiu a Superintendência da PF no Maranhão em 2008. Também foi adido policial do Brasil na África do Sul. Segóvia atuou ainda em operações como Rapina III, que investigou desvios de até R$ 30 milhões em contratos públicos de três cidades do Maranhão.
Apesar do tempo de corporação, o currículo dele é apontado como tímido por delegados frente a importância do cargo..