Brasília, 17 - Lançada pré-candidata do PCdoB à Presidência da República em 2018, a deputada estadual gaúcha Manuela D'Ávila, 36 anos, disse nesta sexta-feira, 17 que, caso seja eleita, vai propor um referendo para revogação da reforma trabalhista aprovada pelo governo do presidente Michel Temer. Em discurso durante o 14ª Congresso do partido, ela também afirmou que as eleições do próximo ano não podem ser um debate sobre o passado e que a solução para a crise não virá de um outsider da política.
"Acreditamos que o golpe encerra um ciclo político no País. Por isso, para nós, 2018 não pode ser um momento de debate sobre o passado, mas um momento de construção de saídas e de debate sobre o futuro do País", declarou Manuela. "Não existem candidaturas outsiders. A saída é política. Por isso, defendemos uma frente ampla", acrescentou a parlamentar gaúcha.
No discurso, a deputada defendeu uma nova política de juros, câmbio e inflação voltadas para o desenvolvimento do País, "e não dos interesses do rentismo". Também pregou uma nova política industrial de substituição de importações, principalmente nos setores do petróleo, gás, químico e até do agronegócio. "Devemos pensar em um grande plano de obras públicas nas áreas de infraestrutura e morado", acrescentou.
Lula amigo
Em discurso antes de Manuela, a presidente nacional do PCdoB, deputada federal Luciana Santos (PE), defendeu a candidatura própria do partido em 2018, mas fez questão de fazer afagos ao PT.
"Lula será amigo do PCdoB, assim como também Ciro", declarou Luciana, em referência ao ex-ministro da Fazenda e da Integração Nacional Ciro Gomes (CE), que já se lançou como pré-candidato pelo PDT a presidente da República no próximo ano. Ciro é esperado em ato político que acontecerá neste sábado durante o Congresso dos comunistas. "O PCdoB não será obstáculo para a unidade", acrescentou Luciana.
Em seu discurso, a dirigente fez críticas à gestão da ex-presidente Dilma Rousseff, da qual o PCdoB participou. Na avaliação de Luciana, o governo Dilma errou ao "subestimar" a questão nacional e ao não fazer as reformas necessárias para alterar a superestrutura do Estado brasileiro, entre elas, citou a reforma política, dos meios de comunicação e tributária. "Ousamos pouco na política cambial", acrescentou, ressaltando que esse erro prejudicou a indústria nacional.
A presidente do PCdoB defendeu que o partido não deve se guiar pelo "saudosismo" nem pelo "autoflagelo" em relação aos erros cometidos pelos governos do PT. "Devemos beber na fonte desse legado", disse.
(Igor Gadelha).