Brasília, 18 - O ex-assessor parlamentar do deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), Job Ribeiro Brandão, afirmou em depoimento à Polícia Federal e à Procuradoria-Geral da República (PGR) que dinheiro em espécie era guardado em malas e caixas no closet da mãe do parlamentar e do ex-ministro Geddel Vieira Lima.
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O ex-assessor disse que não tinha conhecimento do local até a busca e apreensão feita em setembro deste ano na Operação Tesouro Perdido. Ele disse que nunca esteve no apartamento onde a Polícia Federal encontrou o equivalente a R$ 51 milhões em dinheiro vivo, mas pela foto "as caixas e uma das malas pretas se assemelham com as que costumavam ficar guardadas" no apartamento da mãe de Geddel e Lúcio.
Job Brandão tem intenção de fazer um acordo de colaboração premiada. Ele virou alvo da Tesouro Perdido após a PF identificar suas digitais em parte dos R$ 51 milhões encontrados. O ex-ministro e o deputado Lúcio Vieira Lima são investigados pelo crime de lavagem de dinheiro.
O ex-assessor afirmou em depoimento à PF ao qual o Estado teve acesso que só viajou uma vez a Brasília e que sequer esteve na capital do País para a posse no cargo, tendo feito isso por meio de procuração. Durante todo o período, segundo ele, "nunca trabalhou efetivamente como Secretário Parlamentar, mas tão somente trabalhava para a família Vieira Lima, prestando todo tipo de serviço no interesse da família".
Job Brandão disse aos investigadores que devolvia parte do salário à família. No início, segundo ele, o acerto era que ele ficasse com o correspondente a dois salários mínimos e meio, mais o auxílio alimentação que recebia como Secretário Parlamentar.
Segundo o ex-assessor, ele chegou a ser chamado ao apartamento de Lúcio Vieira Lima para "contar dinheiro em espécie" e que já recebeu "diversas vezes" dinheiro vivo das mãos do irmão do marqueteiro João Santana, Elísio Santana, "ligado ao PMDB da Bahia". Ele afirmou que quando contava o dinheiro recebido de Santana normalmente chegava até a R$ 500 mil, em entregas entre 2010 e 2011.
Procurado pela Agência Estado, Marcelo Ferreira, advogado de Job Brandão, declarou que "tem uma especial preocupação com a segurança de Job e que tem por objetivo demonstrar que sua condição de vida é totalmente incompatível com a renda de um secretário parlamentar ... que é vítima da situação e que, além da liberdade de Job, pretende buscar, judicialmente, o ressarcimento dos valores de seu salário, que era obrigado a repassar à família Vieira Lima".
A defesa de Geddel Vieira Lima e o deputado Lúcio Vieira Lima não atenderam contatos da reportagem até o momento.
(Fabio Serapião e Beatriz Bulla).