Brasília - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste domingo, 19, que "não vai ser difícil" ganhar as eleições presidenciais de 2018, mas defendeu uma mudança de estratégia dos partidos de esquerda para barrar as propostas do governo Michel Temer no Congresso. Ele avaliou que a oposição está fragilizada e lamentou que não tenha conseguido barrar o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e propostas que, na sua avaliação, representam um retrocesso com relação aos avanços das gestões petistas, como a reforma trabalhista.
"Éramos contra reforma trabalhista, e ela aconteceu, éramos contra a Previdência, e se não tomarmos cuidado, vai acontecer", disse o petista, ao discursar no Congresso do PCdoB. Lula afirmou que o governo Michel Temer é "fraco" e, por isso, se submete "aos interesses do mercado". "Nenhum presidente fraco é respeitado." "Os congressistas que estão votando pelo desmonte não têm compromisso conosco. Nunca vi tanto deputado reacionário, tanto troglodita, e se não tomarmos cuidado vai piorar na próxima eleição", disse.
Ele declarou que é preciso evitar a aprovação da reforma da Previdência, que "está acontecendo concomitantemente com o desmonte da Petrobras". "Não tenho mais idade de ficar criando movimento 'fora Temer' e ele estar dentro, de ficar gritando não vai ter golpe e ter golpe. Vamos ter que parar de gritar e evitar que isso aconteça mesmo. Isso não pode continuar acontecendo debaixo da nossa barba." Segundo ele, estão querendo desmontar a Petrobras porque "eles não são políticos, são usurpadores." E continuou: "Eles não têm compromisso com o povo brasileiro, querem fazer o desmonte, destruir o BNDES, a Eletrobras, a Caixa, desmontar a cidadania."
No discurso, Lula disse que, se não fosse pela sua teimosia e a do PT, não teria chegado à Presidência da República.
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"Manuela, mesmo quando a gente faz uma campanha que a gente não ganha, se a gente fizer uma campanha ideologicamente bem feita, bem organizada, e a militância for para a rua, quero dizer que vale a pena ser candidato. Da minha parte, a única coisa que vão estranhar daqui para frente é um belo dia eu aparecer em algum dos comícios da Manuela."
Ele disse que apoia que outros partidos também lancem candidatos, mas rejeitou a tese de que Geraldo Alckmin (PSDB) seria um candidato de centro. "Não podem dizer que Lula é de extrema esquerda, que Jair Bolsonaro é de extrema direita, e que é preciso achar o caminho do meio.
Lula disse ainda que somente partidos com legado terão chance de vencer a próxima eleição presidencial, e lembrou que PT e PCdoB construíram um forte legado nos últimos 30 anos, desde a campanha presidencial de 1989, citando conquistas do seu governo. "Por isso temos que governar o País sem querer ser governante, a gente tem que ouvir o povo, o povo sabe, nós só temos que ter coragem de perguntar." Ele defendeu ainda a regulação dos meios de comunicação e distribuição de riquezas. "Quero meios de comunicação onde todos possam se manifestar."
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