O dia foi movimentado ontem no Palácio do Planalto. O objetivo era montar uma operação de guerra e garantir apoio à reforma da Previdência, agora em versão enxuta. A primeira movimentação, porém, mostrou que as negociações ainda não estavam devidamente costuradas.
A notícia de que o presidente Michel Temer teria fechado a escolha do deputado Carlos Marun (PMDB-MS) para o lugar do ministro tucano Antônio Imbassahy na Secretaria de Governo provocou burburinho nos bastidores. Uma ala governista, contrária ao nome de Marun, fiel escudeiro do deputado cassado Eduardo Cunha, defendia alguém que obtivesse maior consenso.
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Marun falou pouco antes de entrar para a cerimônia de posse do novo ministro das Cidades, Alexandre Baldy (sem partido-GO), aliado do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). A nomeação de Baldy para o lugar do deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), que deixou o cargo na última semana, foi outro passo do Planalto com vistas à aprovação das mudanças nas aposentadorias na Câmara, prevista para a primeira semana de dezembro.
PSDB A decisão de manter Imbassahy é sintomática e veio depois de o PSDB anunciar que não vai fechar questão na votação da reforma da Previdência, ou seja, a bancada será liberada para votar como quiser. Os parlamentares tucanos estão divididos e parte deles receia prejuízos eleitorais no ano que vem se votar com a reforma patrocinada pelo governo Temer.
O nome de Marun, porém, não está descartado. Ao contrário, continua forte, mas o presidente quer acertar com as lideranças dos demais partidos da base que fizeram chegar a ele a queixa de que não aceitam aumento da concentração de forças do PMDB no Planalto.
Pela manhã, Temer recebeu o senador Aécio Neves no Palácio do Jaburu, onde teriam conversado sobre uma saída negociada de Imbassahy da Esplanada. Fontes do Planalto que defendiam que o presidente esperasse para anunciar Marun ponderavam que Temer poderia aproveitar o jantar marcado para a noite com lideres da base para ampliar as conversas e fazer uma escolha que não cause futuros estragos.
GOVERNADORES
Em outro momento importante da agenda presidencial, Temer recebeu governadores para almoço no Palácio da Alvorada. Os 17 governadores e vices, que ouviram apelos pela aprovação da reforma da Previdência, deixaram o encontro sem falar com a imprensa. A única que deu declarações foi a vice-governadora do Paraná, Cida Borghetti (PP-PR), mulher do ministro da Saúde, Ricardo Barros. Cida afirmou que Temer pediu apoio dos governadores junto às bancadas para garantir os 308 votos necessários para aprovar a reforma ainda este ano e, segundo ela, houve consenso entre os presentes.
A versão mais enxuta da reforma foi apresentada pelo relator, Arthur Maia (PPS- BA). Os ministros da Fazenda, Henrique Meirelles; do Trabalho, Ronaldo Nogueira; e da Casa Civil, Eliseu Padilha, também estiveram no encontro. Além de Marcelo Caetano, secretário da Previdência.
‘MAIS POBRES’
Ao deixar o almoço, Temer teve uma reunião com o presidente da Câmara no Palácio do Planalto.
Mais cedo, ele defendeu cautela e afirmou que ainda é preciso conversar com líderes partidários para definir a viabilidade de pautar a reforma da Previdência. “A gente não deve precipitar data se não tivermos a clareza dos votos”, justificou.
Um sinal de que a vida do governo não deve ser fácil veio mais tarde. Antes do jantar com Temer, o vice-presidende da Câmara, Fábio Ramalho (PMDB-MG), coordenador da bancada mineira na Casa, garantiu que não há chances de a reforma ser aprovada. “Não adianta. Ninguém vai votar a Previdência”, disse. Ramalho acredita que o governo não conquistará sequer 100 votos. “Se tiver 100 é muito.” (Com agências)
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