Genebra, 23 - Uma delegação de procuradores suíços esteve no fim de outubro em Curitiba para questionar suspeitos da Operação Lava-Jato. O objetivo do grupo era colher informações sobre quem eram os gerentes e intermediários que ajudaram na abertura de contas em bancos do país nas quais dinheiro ilegal foi depositado.
A iniciativa faz parte da terceira fase da operação no contexto da Lava Jato, conduzida pelo Ministério Público de Berna. Depois de investigador os corruptos e corruptores, os procuradores agora partem para decifrar como mais de US$ 1 bilhão entraram nos bancos suíços, em mais de mil contas que hoje estão congeladas.
Os nomes dos suspeitos interrogados no Brasil não foram revelados. Mas a reportagem apurou com fontes envolvidas no processo que as questões que lhes foram apresentadas tinham relações com a operação de abertura de contas, do controle feito pelos bancos sobre a origem do dinheiro e se algum operador ou gerente teria colaborado em ocultar a rota dos recursos.
Procuradores do Ministério Público Federal explicaram que existe um entendimento entre Curitiba e Berna sobre a separação do trabalho. Em casos envolvendo cidadãos suíços e que não serão jamais extraditados ao Brasil, a preferência que se dará é de que o inquérito seja conduzido em Berna. Já para brasileiros, a responsabilidade ficaria entre Brasília e Curitiba.
Em maio, e seguindo esse princípio, o juiz federal Sérgio Moro autorizou a transferência para Berna do processo envolvendo o suíço-brasileiro Bernardo Freyburghaus. Ele é suspeito de ter sido um dos intermediários para contas envolvendo ex-diretores da Petrobrás. Mas, assim que a operação eclodiu no Brasil, ele se mudou para a Suíça e, por sua nacionalidade, não poderá ser extraditado de volta ao País.
Também chamou a atenção dos investigadores a delação premiada de Fernando Miggliaccio, ex-executivo do Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht. Preso em Genebra, ele acabou sendo transferido ao Brasil e revelou como se relacionada com intermediários e mesmo gerentes de bancos.
Uma das relações era com Heitor Duarte, um dos gerentes do banco PKB. Duarte, segundo o
a reportagem apurou, chegou a ter um entendimento com a Odebrecht para usar o sistema confidencial de trocas de mensagens da construtora e criado para organizar o pagamento de propinas.