Maia alertou que a medida é urgente e que a recuperação econômica dos últimos meses corre o risco de ser perdida se a reforma não for aprovada.
“Tudo isso pode ir embora se nós perdermos essa janela de oportunidades”, declarou. Maia lembrou que o governo ainda não tem os 308 votos necessários para aprovar a proposta de emenda à Constituição (PEC) em dois turnos, mas que, na quarta-feira, os técnicos fizeram uma demonstração clara da urgência da medida.
Na avaliação de Maia, a sessão do Congresso Nacional, a confusão em torno da mudança de comando na Secretaria de Governo e a posse do ministro das Cidades, Alexandre Baldy, dispersaram os deputados na quarta-feira, por isso o quórum do jantar foi abaixo do esperado pelo Palácio do Planalto.
“Todas essas pautas de alguma forma retiraram parlamentares. Mas as apresentações poderão ser enviadas para aqueles que não participaram, elas estão didáticas e podem ajudar no convencimento de quem não pôde participar ontem”, afirmou.
O deputado insistiu que há unidade na base em torno da necessidade das reformas, mas que há um componente político “pesado” em torno da questão da Previdência, pois existe a impressão de que a PEC retiraria direitos adquiridos. Agora, disse Maia, o texto está “melhor explicado”. Maia evitou comentar o quanto o impasse sobre a substituição do ministro Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) pode atrapalhar na busca por votos e disse esperar que a pauta dos partidos não interfira nessa articulação. “Não vai influenciar, nós vamos continuar trabalhando. Nós já tivemos outros problemas e conseguimos aprovar matérias importantes. Mas esse é um problema que é do presidente Michel Temer. Ele tem experiência para dar solução a isso”, disse.
“Na prática, aquilo que eu acredito eu defendo”, enfatizou. Maia disse que não vai participar da decisão sobre quem ficará no cargo, mas cobrou uma solução imediata. “Esse atrito precisa ser resolvido pelo presidente Michel Temer”, afirmou.
Mais cedo, o líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), defendeu que o momento é de criar um ambiente de fortalecimento e consolidação da base aliada. Diante do impasse na Secretaria de Governo, Ribeiro lamentou a situação e disse que é preciso trabalhar para buscar uma solução que amenize o clima ruim entre os partidos aliados. “O que não pode ter é ambiente de cizânia, de desconforto da base”, pregou.
ALERTA
O argumento dos parlamentares de que a proximidade das eleições de 2018 dificulta a aprovação agora da reforma da Previdência inspirou a equipe econômica a moldar seu discurso durante o jantar oferecido na noite dessa quarta-feira pelo presidente Michel Temer aos parlamentares em busca de apoio à proposta.
Em um alerta contundente, o governo tentou mostrar que a crise econômica pode voltar em 2018, em meio à campanha, se a proposta não for aprovada agora, complicando o discurso de quem pretende se eleger.
O ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, foi um dos que tentaram explorar as pretensões eleitorais dos parlamentares em favor da reforma. Ele disse aos deputados presentes que, sem a aprovação da proposta, a recuperação da economia pode ser revertida em crise já no ano que vem. Oliveira ainda advertiu que uma crise econômica em 2018 atinge todos e que “não é trivial” explicar isso aos eleitores no meio da campanha.
Já o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, tentou convencer os parlamentares de que os efeitos positivos da aprovação da reforma sobre as perspectivas de investidores podem se transformar em cabo eleitoral dos candidatos. O argumento de Meirelles é que, com as mudanças nas regras da Previdência, há potencial para se ter um bom crescimento em 2018, o que garante uma “situação privilegiada” para quem vai concorrer às eleições.