Jornal Estado de Minas

Miller recebeu R$ 449 mil de escritório do caso JBS, diz relatório da CPMI

O ex-procurador Marcello Miller recebeu aproximadamente R$ 449 mil do escritório de advocacia Trench, Rossi e Watanabe Advogados, responsável pelo acordo de leniência da J&F, apenas três meses depois de deixar cargo no Ministério Público Federal.

 

As informações constam de relatório elaborado pela assessoria técnica da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS e foram divulgadas nesta terça-feira, 28, pelo presidente da comissão, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO).

Segundo o relatório, Miller recebeu pouco mais de R$ 277 mil no dia 30 de maio deste ano, a primeira transferência feita pelo escritório Trench, Rossi e Watanabe Advogados. Nessa época, o ex-procurador havia deixado o cargo que ocupava no MPF há quase dois meses. No dia 30 de julho, foi a vez de Miller receber mais R$ 171 mil do mesmo escritório, a segunda transferência registrada.

Marcello Miller é suspeito de ter feito "jogo duplo" ao supostamente beneficiar os colaboradores da JBS na Procuradoria-Geral da República (PGR), à época sob o comando de Rodrigo Janot. Ele deixou o cargo de procurador no dia de 5 de abril e foi trabalhar justamente na empresa Trench, Rossi e Watanabe Advogados, que tinha a J&F como cliente. No total, foram 449 mil recebidos pelo procurador no período.

Documentos entregues à Procuradoria-Geral da República (PGR) também mostram que Marcello Miller teria atuado para o grupo J&F antes mesmo de se desligar do cargo de procurador da República. Em resposta, a assessoria de imprensa de Marcelo Miller informou que "os valores recebidos correspondem a parcelas contratuais ajustadas por escrito entre as partes". "A CPI terá tido meios de obter os instrumentos contratuais correlatos", afirmou por meio de nota.

Em nota, a Trench Rossi Watanabe informa que todos pagamentos feitos ao ex-procurador Marcello Miller se referem a parcelas estabelecidas em contrato e seguem os padrões do mercado.

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