Brasília - Pré-candidato do PSDB à Presidência, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, confirmou nesta terça-feira, 28 que os tucanos vão desembarcar do governo quando ele assumir o comando do partido, o que deve ocorrer na convenção do próximo dia 9.
O tom das declarações de Alckmin incomodou o Palácio do Planalto e levou o presidente do PMDB, senador Romero Jucá (RR), a cobrar respaldo na transição até 2018. O presidente Michel Temer vai conversar com o governador, no próximo sábado, em Limeira (SP), para acertar quando será a saída do PSDB.
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Questionado se o PSDB abandonaria Temer, Alckmin foi evasivo. "Abandonar no sentido de não ter compromisso, não. Porque temos compromisso, responsabilidade e temos de dar sustentação na Câmara e votar projetos de interesse do País", argumentou ele.
Na avaliação de auxiliares de Temer, o governador começou a dar "sinais dúbios" em sua campanha. O Planalto e a cúpula do PMDB têm interesse em montar uma frente de centro-direita com partidos como PSDB, DEM, PP, PR, PSD e PRB para disputar a eleição presidencial de 2018, mas ainda há um clima de mágoa e desconfiança em relação aos tucanos.
"Prefiro acreditar que o PSDB vai ter juízo e somar forças para ajudar a gente a concluir essa transição.
Embora Alckmin tenha falado novamente em desembarque, na prática não se sabe como será essa saída. O ministro da Secretaria de Governo, Antônio Imbassahy, deve ser substituído pelo deputado Carlos Marun (PMDB), mas pode ser deslocado para outro posto na equipe. Luislinda Valois (Direitos Humanos) vai deixar o cargo em breve e Aloysio Nunes Ferreira permanecerá no Itamaraty.
"Essa questão do desembarque já está superada. É um falso dilema.
'Jim Jones'
Para Jucá, o governador de São Paulo terá o desafio de enfrentar a pressão dos chamados "cabeças-pretas", que defendem o afastamento do governo, se quiser ter mais adiante o apoio do PMDB. "Os cabeças-pretas querem que Alckmin tome o ponche do Jim Jones", ironizou o senador, em uma referência ao pastor que convenceu mais de 900 pessoas a se matar na Guiana, em 1979.
Na avaliação do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), pré-candidato ao governo da Bahia, o fato de o PSDB "se arrumar" internamente é o primeiro passo para a construção de uma aliança em 2018. "Mas isso não significa que as coisas serão automáticas. Se quiser parceria, em algum momento o PSDB terá de nos procurar", disse ele. .